O Deus do Mar impõe-se na Doca da Marinha
As raízes, a tradição e a família estão bem patentes no novo restaurante de Olivier em Lisboa. E a imponente estátua colocada atrás do bar, de Poseidon, o deus grego do mar, não deixa margem para dúvidas: aqui o peixe é o ex-libris. É o Àcosta, novo restaurante do chef Olivier, situado na Doca da Marinha, em Lisboa.
“Sempre quis trabalhar um conceito em que fosse possível ir buscar as raízes portuguesas que tão bem conhecemos”, diz Olivier no comunicado que dá conta da abertura do restaurante, que ocupa o espaço do Anfíbio, explorado até ao final do ano passado pelo chef Miguel Rocha Vieira.
Com uma decoração renovada, num espaço amplo com capacidade para 130 pessoas (90 no interior e mais 40 na esplanada), aqui o chef revisita pratos tradicionais, mas dá-lhes o seu cunho pessoal e irreverência. Aqui, Olivier recorda a avó Maria Luísa, o avô Augusto, a tia Matilde ou o tio Jorge e presta-lhes homenagem através de pratos com sabores familiares. “É um conceito que penso desenvolver há muito tempo, com a chamada comida da avó. São vários os pratos que nos identificam como portugueses, como a açorda ou o peixe grelhado”, acrescenta o chef, que detém restaurantes como o K.O.B (carnes), o Yakuza (comida de fusão entre Oriente e Ocidente) ou o Seen (fusão entre a gastronomia brasileira e portuguesa para os hotéis Tivoli).
Ao tio Jorge, que fazia pesca submarina, e à tia Matilde, que temperava o peixe com manjericão e outras ervas, foi buscar inspiração para fazer um peixe grelhado com um molho de manteiga com emulsão de limão e ervas. O avô, que costumava fazer camarões com alho, azeite, vinho branco, colorau e louro, inspirou-o para os Carabineiros À Sr. Augusto da carta. Já a mousse de chocolate nasceu das memórias que tinha da avó, que era professora no Liceu Francês e que, à saída, costumava comprar Nougat e Conguitos para fazer mousse para os netos.
Mas há mais. Nas entradas, destaque para o Carpaccio de Dourada, de Vieiras ou de Polvo, a Tortilla cremosa de Batata, Cebola, Maionese, Tártaro de Camarão e Caviar, o Casco de Sapateira Recheado e ainda a Navalha Grelhada com Manteiga de Alho e Ervas. Nos pratos de peixe e marisco, sugere-se ainda o Bacalhau ÀCosta, que é confitado, servido no pão com feijão verde, grelos, cebola e azeitona, o Gamberini de Camarão, o Arroz ÀCosta, com açafrão, frango, lulas, camarão e tamboril, o Prego de Atum, ou o Arroz de Lavangante.
Como já referido, o peixe é o ex-libris, taco a taco com o marisco, mas não falta a carne, destacando-se o Chuleton Minhoto Maturado, a Carne de Porco à Alentejana, o Bife Tártaro, o Pica-Pau do Lombo ou a Presa de Porco Preto com compota de manga.
Nas sobremas, além da mousse inspirada na avó, sugere-se o Doce da Casa, que aqui é um gelado de iogurte grego, com bolacha maria e doce de ovos, o Pão de Ló de Ovar ou o Leite Creme queimado.
Dada a sua localização privilegiado, junto ao Tejo, o ÀCosta convida ainda a apreciar a paisagem com um cocktail.
“A carta é um mix de ingredientes portugueses, com referências marítimas ligadas à história de Portugal”, apresenta Larissa Salgado, Head Bartender do espaço. “Temos alguns cocktails clássicos, com um toque português, uma vez que utilizamos licores e especiarias do nosso país. É uma carta especial que brinca com os ingredientes sazonais de forma inusitada”, acrescenta.
Com o ÀCosta, o chef Olivier passa a ter oito conceitos diferentes distibuídos por 28 espaços, estando presente em três continentes e em sete países.