Na Portugália, mais de 50% dos trabalhadores são de fora de Portugal.
Na Portugália, mais de 50% dos trabalhadores são de fora de Portugal.Foto: DR

Nova campanha quer combater estigma de contratar imigrantes para o mercado de trabalho

"Break The Stigma" será lançada esta quinta-feira pela Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão (APPDI).
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Combater estigmas relacionados com imigrantes e a contratação destes cidadãos para o mercado de trabalho: este é o propósito da campanha Break The Stigma, que será lançada esta tarde pela Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão (APPDI).

A entidade criou um curta-metragem com líderes de empresas que veem na diversidade uma mais valia para as equipas de trabalho. No vídeo, com duração de 13 minutos, estão depoimentos sobre como acolhem imigrantes nas empresas, sem preconceitos.

Mónica Canário, coordenadora de projetos da APPDI, explica ao DN que a ideia surgiu da necessidade que veem em combater mitos relacionados com a imigração. "Nós vamos ouvindo realmente as histórias de pessoas migrantes na comunicação social. Muitas vezes numa ótica negativa, infelizmente, em particular fruto do contexto político, mas também da burocracia associada a vir trabalhar para Portugal e a vir viver para Portugal. E queríamos mostrar que independentemente de tudo isso e de todos os problemas burocráticos, que existem efetivamente setores de atividade que estão a depender muito das pessoas migrantes".

A associação procurou empresas para que dessem os testemunhos. "Queríamos mostrar realmente quem são as empresas, e neste caso as organizações, porque também temos uma associação com este testemunho, que estão a fazer diferente", relata. No vídeo, estão relatos de programas de integração e boas práticas realizadas por estas empresas, além de depoimentos que combatem estereótipos presentes na sociedade.

"Um mito que ainda se ouve é que os imigrantes nos vêm roubar trabalho. Não sei como, porque temos uma população ativa a decrescer, temos um aumento de postos de trabalho e necessidade de mão de obra nos próximos anos a aumentar e, portanto, parece-me não haver dúvidas de que precisamos de pessoas para trabalhar, e que estas pessoas não as vamos encontrar só no nosso país", diz no vídeo Vera Chaves, diretora de recursos humanos da Portugália.

De acordo com Mónica Canário, não houve dificuldade em conseguir a adesão de empresas na campanha. A Break The Stigma foi idealizada antes das eleições, mas, com o pleito eleitoral e os resultados, a coordenadora diz que a iniciativa ganha outro significado.  "Esta campanha, na segunda-feira, quando vimos o vídeo já com legendas, nós vimos pelo menos as imagens primeiro antes das eleições e na segunda-feira, depois das eleições, vimos a campanha já com as legendas. Eu lembro-me emocionada porque eu pensei, agora sim, esta campanha tem um significado diferente", destaca ao jornal.

A coordenadora de projetos da APPDI espera que os estigmas possam ser quebrados. "Esperamos que esta campanha venha desmistificar estas fake news, de tudo aquilo que foi veiculado na comunicação social e por outros atores políticos, infelizmente, que não dizem respeito à realidade. Basta falar com qualquer entidade empregadora no setor da restauração, do turismo, da agricultura, da construção civil para se perceber realmente que o país precisa de migrantes", reflete.

Ao mesmo tempo, pontua que a visão da associação é que a imigração precisa ter regras, mas também que seja "resolvida a situação precária de muitas pessoas migrantes" neste momento. A campanha será lançada oficialmente num evento esta tarde na empresa Teleperformance, em Lisboa.

amanda.lima@dn.pt

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