Na última semana, Lisboa tinha 138 surtos ativos. Foram realizados 37 mil testes

É a semana do tudo ou nada em Lisboa. O Conselho de Ministros vai ter de decidir se a capital avança ou não, mas os dados disponíveis não são bons. Segundo a DGS, maioria do contágio está a ocorrer em contexto de reuniões familiares e sociais, escolares e laboral. A testagem vai continuar esta semana das zonas de convívio aos taxistas, as estafetas e aos TVDE.
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Semana a semana, desde o início do mês de maio, a região de Lisboa e vale do Tejo tem vindo a registar uma tendência de subida no número de casos com covid-19. Não é novidade, mas a situação tem vindo a agravar-se, sobretudo no concelho de Lisboa, apesar dos muitos apelos dos especialistas e da autarquia para o cumprimento das regras individuais, como o uso de máscara e o distanciamento físico. O aumento de casos está a registar-se sobretudo nas faixas etárias mais jovens e devido a contágios em contextos de reuniões sociais, mas, neste momento, as autoridades já estão a alertar também para o contágio em reuniões familiares, casamentos, batizados, escolas e no contexto laboral.

Segundo dados fornecidos ao DN pela Direção-Geral da Saúde (DGS), no dia 4 de junho a capital já estava com uma incidência cumulativa a 14 dias de 187 casos por 100 mil habitantes e, um dia antes, 3 de junho, o Departamento de Saúde Pública de Lisboa e Vale do Tejo, tinha registo de 138 surtos ativos em Lisboa e em diferentes contextos, como refere a DGS, "nomeadamente familiares/sociais, escolares ou laborais".

Muitos dos casos surgiram pelo reforço na testagem realizada pelas equipas fixas e móveis em várias áreas, mas não só. De acordo com o que o DN apurou no terreno, "há também um aumento de contágio, porque há casos que nos estão a chegar de pessoas com sintomatologia e não só pela testagem oportunística".

Nesta semana, o Conselho de Ministros deverá decidir se Lisboa avança para a próxima fase de desconfinamento, passando a ter restaurantes abertos até à 01h00 e o comércio com horário normal ou não. Mas perante a incidência registada, tal não deverá acontecer, pois os critérios impostos pelo governo é de suspender o avanço no caso de uma incidência cumulativa a 14 dias de 120 casos por 100 mil habitantes ou de regredir no caso de uma incidência de 240 casos por 100 mil habitantes. Esta é a grande preocupação e o risco que a capital corre se não conseguir baixar durante esta semana o índice de transmissibilidade. O que ainda não aconteceu na última semana.

A situação tem levado ao reforço da testagem nas ruas da capital desde há 15 dias com várias ações justificadas pela DGS, "com a avaliação epidemiológica efetuada pelas autoridades de saúde nacionais e locais relativamente à pandemia de covid-19". Um reforço que tem por base "ações de testagem dirigidas e programadas".

Tal como foi explicado na altura aos órgãos de comunicação social "tais ações têm como alvos prioritários os estabelecimentos de educação e ensino, nomeadamente as comunidades referentes aos estabelecimentos escolares e ao ensino superior, com inclusão das residências universitárias, e as populações vulneráveis, entre as quais os trabalhadores migrantes e as pessoas requerentes de asilo", mas também "outros contextos que envolvem trabalhadores prestadores de serviços de entregas, serviços de táxis e TVDE, zonas de concentração de convívio, interface de transportes e zonas de grande circulação, restauração, comércio e hotelaria, assim como mercados e feiras".

De acordo com a informação dada ao DN, as equipas coordenadas pela task force da testagem realizaram desde 27 de maio até às 12h00 de 4 de junho 1447 testes, com uma taxa de positividade de 0,41%. Estes testes foram feitos em contextos específicos, como transportes, nos interfaces, em zonas de grande circulação, nos grupos de migrantes e requerentes de asilo, de prestadores de serviços de entregas, táxis e TVDE, mas também em contexto laboral, trabalhadores da restauração, comércio, hotelaria, mercados e feiras e ainda em zonas de concentração de convívio.

Os resultados indicam que a maioria dos casos positivos foi detetada em zonas de concentração e convívio - onde foram testadas 630 pessoas, cerca de 43,54% do total de testes. No contexto dos transportes e zonas de grande circulação foram testadas 324, 22,39% do total. No contexto laboral de restauração, comércio, hotelaria, mercados e feiras foram testadas 322, 22,25% do total. Nos prestadores de serviço de entregas, táxis e TVDE foram testadas 93 pessoas, 6,43% do total. No grupo dos migrantes e requerentes de asilo foram testadas 78 pessoas, 5,39% do total.

Na resposta ao DN, as autoridades de saúde informam ainda que, na semana de 24 a 30 de maio, foram realizados em Lisboa 38 mil testes, sendo o concelho do país com maior testagem per capita (cerca de 7527 testes por semana por 100 mil habitantes). Do total de testes realizados, aproximadamente 60% foram testes rápidos de antigénio. Na semana de 31 de maio a 6 junho, foram realizados cerca de 37 mil testes, cerca de 50% do total de testes realizados eram testes rápidos de antigénio.

A questão é que os casos registados em Lisboa, mas também no resto do país, não estão a ter tradução num aumento nos internamentos, quer em enfermarias quer em cuidados intensivos, o que significa que não são casos que estejam a desenvolver formas graves da doença, mas há especialistas que lembram: "Se a situação não for controlada, haverá inevitavelmente mais internamentos."

Notícia atualizada às 10.00.

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