Morreu o tenente-general Rocha Vieira, último governador de Macau
Carlos Pimentel/Global Imagens

Morreu o tenente-general Rocha Vieira, último governador de Macau

Também desempenhou funções como Chefe do Estado-Maior do Exército e foi ministro da República dos Açores.
Publicado a
Atualizado a

Morreu o tenente-general Vasco Rocha Vieira, que foi o último governador de Macau. Tinha 85 anos.

Vasco Rocha Vieira nasceu em Lagoa a 16 de agosto 1939 e exerceu o cargo de governador de Macau entre 1991 e 1999, quando se processou a transferência do território para a China.

Antes, entre 1976 e 1978, desempenhou funções como Chefe do Estado-Maior do Exército e foi também ministro da República dos Açores entre 1986 e 1991.

O velório vai ocorrer na quinta-feira, entre as 17:00 e as 22:00, na Capela da Academia Militar, em Lisboa. Na sexta-feira, o velório será retomado às 10:00, seguido de uma missa antes de almoço. Após as cerimónias em Lisboa, o cortejo seguirá para o Algarve, onde irá decorrer o funeral, no Cemitério Municipal de Lagoa.

O presidente da República já manifestou "o mais profundo pesar" pela morte de Vasco Rocha Vieira, que considerou, numa mensagem publicada no site da Presidência, "um dos mais ilustres oficiais do Exército Português na transição para a Democracia e nas primeiras décadas da sua afirmação".

"Desde sempre muito ligado aos Comandos, exerceu ainda funções políticas como as de Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores", recorda Marcelo Rebelo de Sousa. "Muito próximo do Presidente António Ramalho Eanes, por ele foi designado Chanceler das Antigas Ordens Militares", acrescenta o Presidente da República.

"O simbolismo do momento da transferência da administração portuguesa para a chinesa permanecerá na memória de muitos portugueses como um exemplo de sentido de Estado, sentido de serviço da causa pública e de marcado patriotismo", considera Marcelo Rebelo de Sousa lembrando o tempo em que Vasco Richa Vieira foi governador de Macau.

"O Presidente da República, que acompanhou de perto os últimos meses da sua vida, apresenta à sua Família, e, muito em especial, à sua viúva e filhos, o testemunho de gratidão de Portugal, com muito saudosa amizade", remata a nota.

Também o Exército manifestou pesar pela morte do tenente-general Vasco Rocha Vieira e enalteceu o seu "legado de serviço e patriotismo" desejando que "continue a inspirar gerações futuras".

Numa nota divulgada pelo ramo nas redes sociais, o Exército afirma que "está de luto, por ter deixado de contar com um dos seus mais notáveis soldados".

"A sua vida e o seu legado justificam um profundo reconhecimento e perene respeito pela sua memória, e constituem fator de motivação e orgulho para todos os que servem nesta secular instituição. Que o seu legado de serviço e patriotismo continue a inspirar gerações futuras", realça o Exército.

Nascido em Lagoa, criado até aos 10 anos em Moçambique, aluno do Colégio Militar, Vasco Rocha Vieira foi Chefe do Estado-Maior do Exército e, por inerência, membro do Conselho da Revolução entre 1976 e 1978.

Desempenhou as funções de ministro da República dos Açores (1986-1991) e em 1991 foi nomeado para governador de Macau pelo então Presidente da República português, Mário Soares.

Foi o 138.º e último governador português de Macau, cargo que ocupou até 1999, quando se processou a transferência do território para a China.

Em 2015, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada pelo ex-Presidente Cavaco Silva.

Anteriormente, fora condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1986), atribuída pelo general Ramalho Eanes, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo (1996), conferida por Mário Soares, e com o Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique (2001), atribuída por Jorge Sampaio, uma condecoração atribuída excecionalmente, já que é normalmente destinada a chefes de Estado.

Era licenciado em Engenharia Civil e tirou vários cursos e especialidades, incluindo o Curso Geral de Estado-Maior, o Curso Complementar de Estado-Maior, o Curso de Comando e Direção para General Oficial e o Curso de Defesa Nacional.

Em 1984, foi promovido a Brigadeiro e, mais tarde, em 1987, promovido a general. Ensinou na Academia Militar e no Instituto de Estudos Militares Avançados.

Na sua carreira nas Forças Armadas foi também representante Militar Nacional no Quartel-General Supremo dos Poderes Aliados da NATO, na Europa - SHAPE, na Bélgica, e diretor honorário de armas e engenharia.

Era associado honorário da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Histórica da Independência de Portugal e da Liga dos Combatentes, e foi nomeado membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP em 2012.

*Com Lusa

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt