Portugal tem o dia com menos novas infeções desde 3 de janeiro
Portugal confirmou, nas últimas 24 horas, 3508 novos casos de covid-19, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) deste domingo (7 de fevereiro). De acordo com os dados de hoje, foram declarados mais 204 óbitos, o registo mais baixo desde o dia 18 de janeiro.
Desde 3 de janeiro, quando se registaram 3384 novos casos, que não havia um número tão baixo de pessoas a testar positivo. No entanto, é de ressalvar que ambos os dias correspondem aos registos de sábado, quando o número de testes feitos é mais reduzido.
Segundo a DGS foram internadas mais mais 90 pessoas, com uma diminuição de 26 em cuidados intensivos.
O boletim da Direção-Geral de Saúde soma um total de 145 090 infetados ativos no país e, desde o início da pandemia 14 158 mortos provocadas pelo novo coronavírus.
Este é o dia com menos óbitos registados em Portugal desde 18 de janeiro, quando foram declaradas 167 mortes - , pois, o menor número de mortes em 20 dias.
No total, desde o início da pandemia (em março), Portugal registou 765 414 diagnósticos de covid-19 e 14 158 óbitos, diz o relatório da DGS.
O relatório da DGS revela também há menos 3 269 casos ativos do que ontem e recuperaram da doença nas últimas 24 horas mais 6 573, num total de 606 166, desde março.
Os internamentos cifram-se agora em 6248, mais 90 do que ontem, mas nos cuidados intensivos estão agora 865 doentes, menos 26 do que sábado.
A região de Lisboa e Vale do Tejo continua a mais penalizada pela covid-19, com 1435 novos caos de infeção e mais 100 mortos. A região norte é a segunda mais atingida pela doença, mas ainda assim com muito menos óbitos, aqui registaram-se 957 novos casos e mais 39 mortos. No centro, registaram-se nas últimas 24 horas 676 novos casos e 40 mortos.
As mulheres continuam a ter um maior número de infetados (419 374) do que os homens (345 791), mas são os homens que morrem mais pela covid-19 ( 7 375 contra 6 783)
A doença covid-19, poderá ficar como uma constipação, como as provocadas por outros coronavírus, admitem imunologistas, considerando que não serão necessários reforços da vacinação
O coronavírus SARS-CoV-2 irá conviver naturalmente nas pessoas e infetar ocasionalmente sem provocar doença grave. É essa a previsão dos imunologistas Marc Veldhoen, que coordena o laboratório de regulação do sistema imunitário no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes e Henrique-Veiga Fernandes, que lidera o laboratório de imunofisiologia no Centro Champalimaud, ambos em Lisboa.
A duração da imunidade conferida pelas vacinas contra a covid-19 continua a ser uma incógnita porque é preciso mais tempo para aferir se houve entre a população vacinada qualquer diminuição da proteção ou aumento da incidência da doença.
"Vai circular em equilíbrio na população humana e causar doença ligeira, uma constipação", disse à Lusa Henrique Veiga-Fernandes. Este imunologista da Champalimaud entende que, com o tempo, a resposta imunitária (desencadeada por anticorpos e células linfócitos T) ao SARS-CoV-2 será "idêntica à de outros coronavírus" humanos, que causam simples constipações, pelo que "não serão necessários reforços" da vacinação.
Por seu lado, Marc Veldhoen, considera que, à semelhança dos quatro coronavírus humanos que provocam a vulgar constipação, "é muito plausível" que o SARS-CoV-2 permaneça entre as pessoas e "infete de vez em quando", quando a imunidade "diminui apenas o suficiente para permitir a reinfeção" embora se mantenha "forte o suficiente para prevenir doença severa".
O imunologista Luís Graça afirma que "é expectável" que a vacinação contra a covid-19 confira proteção durante pelo menos um ano, mas observou que é necessário tempo para se ver como evolui a imunidade das pessoas vacinadas.
"Como as pessoas que tiveram covid-19 têm, na sua maioria, um estado de imunidade que dura pelo menos sete ou oito meses, é expectável que a vacinação confira imunidade por um período de pelo menos um ano", referiu, em declarações à Lusa, realçando que "as pessoas vacinadas produzem uma maior quantidade de anticorpos contra o vírus do que as pessoas que tiveram covid-19".
Contudo, segundo Luís Graça, que coordena o laboratório de investigação em imunologia celular no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, em Lisboa, "ainda não decorreu tempo suficiente para se saber a duração da imunidade" dada pelas vacinas.
"Precisamos de tempo para ver como evolui a imunidade das pessoas vacinadas ao longo de meses e anos", sublinhou, quando confrontado pela Lusa com a incógnita da duração da imunidade vacinal contra a covid-19, uma doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) que se tornou pandémico.
As vacinas contra a covid-19 já aprovadas e administradas em várias partes do mundo, incluindo Portugal, apesar de baseadas em tecnologias distintas e com graus de eficácia diferenciados, são como que um manual de instruções para um exército de células do corpo produzir anticorpos (substâncias) capazes de neutralizar o coronavírus SARS-CoV-2 quando invade o organismo.
A duração da imunidade contra a covid-19 gerada artificialmente pelas vacinas (e não naturalmente pela infeção) ainda não é conhecida porque "os primeiros ensaios" clínicos "foram iniciados há poucos meses", lembrou Luís Graça.
Entretanto, a equipa médica militar alemã que veio ajudar Portugal no combate à pandemia de covid-19 começa a tratar os primeiros pacientes esta segunda-feira, disse à agência Lusa o porta-voz missão.
Constituída por 26 profissionais de saúde, entre os quais seis médicos, que trouxeram também 40 ventiladores móveis e 10 estacionários, 150 bombas de infusão e outras tantas camas hospitalares, a equipa de militares chegou a Portugal na quarta-feira, 3 de fevereiro, e ficaram instalados no Hospital da Luz, em Lisboa.
Em declarações à Lusa, o porta-voz da missão, tenente-coronel Kieron Kleinert, explicou que a equipa terá capacidade para "tratar oito pacientes ao mesmo tempo, 24 horas por dia, sete dias por semana", sublinhando que "apenas vai tratar doentes" com a covid-19.
O oficial explicou que nos últimos dias os profissionais de saúde alemães estiveram a "familiarizar-se e a aprender" os procedimentos, os protocolos e as diretrizes utilizados em Portugal, que têm diferenças face ao que é praticado na Alemanha, de forma "a evitar qualquer erro que possa vir a ser fatal".
Kieron Kleinert referiu que a equipa "foi muito bem recebida e que tem tido todo o apoio e material necessários", o que deixa estes profissionais "sensibilizados" e agradecidos pela forma como foram recebidos e estão a ser tratados pelas autoridades portuguesas.