Moradores do Barreiro são os que gastam mais tempo nas viagens para o trabalho

Os residentes de cinco concelhos da Área Metropolitana de Lisboa são os que perdem mais tempo em deslocações diárias. Esta é uma tendência nacional desde 1991.

Os moradores do concelho do Barreiro são aqueles que, em todo o país, demoram mais tempo a chegar ao seu local de trabalho ou de estudo, com um tempo médio de viagem de 32,35 minutos. Seguem-se os residentes nos municípios da Moita, Seixal, Almada e Sesimbra, todos eles pertencentes à Área Metropolitana de Lisboa, de acordo com dados da Pordata baseados no Censos de 2021. Esta é uma tendência que se regista desde os Censos de 1991, com os locais cimeiros desta lista a serem sempre ocupados por concelhos da região.

Olhando para os dados referentes a 2021, o Barreiro é o concelho onde as pessoas gastam mais tempo nas deslocações, com uma média de 32,35 minutos por viagem, mais de três minutos que os habitantes do município da Moita, que precisam de 29,28 minutos. Seguem-se os do Seixal com 29,07 minutos, Almada (27,57) e Sesimbra (27,02). Dentro da Área Metropolitana de Lisboa, os residentes que demoram menos tempo são os de Lisboa com 22,26 minutos, depois vêm os de Setúbal (23,15), Oeiras (23,73), Cascais (23,94) e Mafra (24,14). Em termos nacionais, os residentes que perdem menos tempo nestas viagens são todos residentes nas ilhas: Corvo (9,6 minutos), Porto Santo (9,8), Santa Cruz da Graciosa (10,2), Vila do Porto (11,2) e Santa Cruz das Flores (11,3).

"Há também um dado curioso que é em relação à percentagem das pessoas de um determinado município que demoram mais de uma hora no trajeto para o trabalho. E o município que tem uma maior percentagem de pessoas a demorar mais de uma hora é o Barreiro, onde 16% das pessoas que se deslocam por trabalho ou por estudo demoram mais de uma hora. Baião é o segundo, segue-se a Moita e depois Cinfães. Ou seja, há dois municípios da zona de Lisboa e outros dois da região do Tâmega e Sousa", refere Luísa Loura, diretora da Pordata, ao DN. "Isto poderá ter a ver com o facto de as pessoas terem de sair do seu município para encontrarem locais onde o mercado de trabalho é maior e, além disso, possivelmente a rede de transportes não será a melhor, tal como se passa com o Barreiro e a Moita."

Esta tendência de as viagens diárias para o local de trabalho ou de estudo serem as mais demoradas em termos nacionais em concelhos da Área Metropolitana de Lisboa é algo que já se verifica desde o Censos de 1991, confirma ao DN a diretora da Pordata. "Os cinco concelhos com maior tempo médio são, desde sempre, todos da Área Metropolitana de Lisboa. Temos de descer até à sétima ou oitava posição para encontrar municípios do Norte do país", destaca.

A única diferença de 2021 para os anteriores censos é que este foi o primeiro ano em que o top 5 é totalmente composto por concelhos da margem sul do Tejo, embora esta seja uma tendência que tem vindo a aumentar. Por exemplo, em 2011, os cinco concelhos cujos moradores perdiam mais tempo nas viagens para o local de trabalho ou de estudo eram Barreiro, Seixal, Moita, Almada, Odivelas e Sintra. Mas se olharmos para 1991, a lista nacional era encabeçada por Odivelas, seguida de Barreiro, Seixal, Sintra e Loures. De notar ainda que nos últimos quatro censos, Barreiro e Seixal são os únicos municípios que aparecem sempre no top 5, sendo que o Barreiro só em 1991 é que não foi o concelho com as deslocações mais demoradas do país.

"Nota-se que houve uma ligeira redução na duração média das deslocações das pessoas. Esses dados podem estar relacionados com o meio de transporte que as pessoas usam, nomeadamente até que ponto essa redução tem a ver com o deixarem de usar o transporte público e passarem a usar o automóvel particular. Também é preciso perceber que hoje em dia as pessoas trabalham mais em serviços e não tanto no setor primário, o que obrigaria a deslocações mais prolongadas e, se calhar, muito mais a pé ou de bicicleta", explica Luísa Loura. Olhando para o caso concreto do Barreiro, por exemplo, em 1991 o tempo médio das viagem era de 36,40 minutos e em 2021 tinha descido para 32,35 minutos.

Automóvel lidera destacado

No que diz respeito aos meios de transporte na Área Metropolitana de Lisboa, e olhando para os dados disponibilizados pela Pordata referentes ao Censos de 2021, o automóvel é o modo mais usado por 55,8% da população, sendo o favorito em Mafra (70,7%), Cascais (67,3%), Palmela (64,3%), Oeiras (63,9%) e Sesimbra (63,1%), enquanto o autocarro é modo mais usado pelos moradores de Loures (20,5% da população ativa), Lisboa (14,6%), Almada (14,3%), Amadora (14,2%) e Alcochete (13,9%). Já o comboio colhe a preferência de 16,5% no Seixal, seguindo-se Sintra (15,3%), Vila Franca de Xira (11,7%), Sesimbra (9,7%) e Amadora (9,2%), sendo que o metropolitano é mais popular em Odivelas (12,5%), Lisboa (9,6%), Amadora (6,7%), Almada (3,6%) e Loures (2,9%).

Olhando para meios de deslocação mais sustentáveis, Lisboa é o concelho onde uma maior percentagem da população anda a pé (20,7%), seguindo-se Setúbal (20,2%), Moita (20%), Barreiro (19,7%), Alcochete e Montijo (ambos com 17,9%). A capital é também o município onde a bicicleta é mais usada nas viagens para o trabalho ou escola (3,5%), acima de Oeiras (2,1%), Almada (2%), Cascais (2%) e Sesimbra (1,9%).

No caso concreto do Barreiro, o concelho do país onde as viagens são mais demoradas, os meios de transporte de eleição dos seus residentes são o automóvel (44,5%), deslocações a pé (19,7%), autocarro (10%), comboio (3,6%), transporte coletivo da empresa ou do estabelecimento de ensino (2,4%), metropolitano (1%) e bicicleta (0,9%). 17,9% elege outro meio de transporte não especificado.

ana.meireles@dn.pt

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG