Marta Temido: "Talvez estejamos no pico da quarta vaga em Lisboa"
A ministra da Saúde afirmou esta sexta-feira que Lisboa poderá estar no pico da pandemia de covid-19, mas disse serem precisos os dados dos próximos dias para se ter a certeza de que passou "a fase pior".
Questionada à margem de uma visita ao centro de vacinação covid de Carnaxide, concelho de Oeiras, se há uma previsão relativamente ao pico da pandemia, Marta Temido afirmou que uma das coisas que se sabe relativamente a esta epidemia é que só depois de passar esse pico é que se se pode dizer que foi atingido.
"Em Lisboa, talvez neste momento estejamos no pico, mas precisamos dos dados dos próximos dias para ter a certeza de que passámos a fase pior", disse a ministra.
Contudo, advertiu, mesmo que isso aconteça, é preciso continuar a apostar nas medidas de precaução básicas. "Elas não são muito exigentes" face à segurança que dão.
Marta Temido, acompanhada pelo Coordenador Nacional da 'Task-Force', vice-almirante Gouveia e Melo e pelo presidente da ARS LVT, Luís Pisco, visita esta sexta-feira três Centros de Vacinação.
A taxa de incidência de infeções pelo SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes no continente subiu esta sexta-feira para 366,7, mas o índice de transmissibilidade (Rt) voltou a baixar ligeiramente, para 1,13 no continente.
No boletim epidemiológico conjunto da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Nacional da Saúde Doutor Ricardo Jorge, assinala-se que a taxa de incidência no continente subiu dos 346,5 em que estava na quarta-feira.
A nível nacional, este indicador subiu de 336,3 para 355,5.
Quanto ao Rt - que estima o número de casos secundários de infeção resultantes de uma pessoa com o vírus - no continente, na quarta-feira estava em 1,15. A nível nacional, o Rt desceu de 1,14 para 1,12.
A ministra da Saúde defendeu as medidas de combate à pandemia de covid-19 e reiterou que as restrições em vigor estão "adaptadas à atual situação", face às críticas de duas dezenas de especialistas numa carta aberta.
Em declarações aos jornalistas numa visita ao centro de vacinação de Carnaxide, a governante, que contou com a companhia do coordenador da task force responsável pela logística das vacinas, o vice-almirante Gouveia e Melo, e do presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, realçou a aposta "na vacinação como arma de combate" e vincou que "se não fosse a vacinação, o risco de transmissão e a incidência estariam muito superiores".
Paralelamente, lembrou a necessidade de manter as medidas não farmacológicas, nomeadamente a utilização de máscara, o distanciamento físico e a higienização das mãos.
"Neste momento nós temos já um conjunto de medidas de confinamento que são adaptadas à nossa atual situação", afirmou Marta Temido, que revelou a sua leitura pessoal das críticas feitas pelos especialistas: "Leio esta carta como um apelo a todos nós para mantermos as medidas que neste momento estamos a praticar".
E continuou: "Precisamos de ler esta carta naquilo que ela na realidade nos transmitiu, o que ela nos diz e que nesta fase, apesar de estarmos a ver o número de casos ainda com uma incidência persistente, talvez possamos conseguir controlar os números".
Marta Temido notou a maior disponibilidade de vacinas no espaço do último mês que permitiu acelerar a campanha de vacinação e que levou o país a atingir esta semana os 10 milhões de doses inoculadas. Nesse sentido, agradeceu a adesão "em força" da população à vacinação - que se traduziu nos últimos dias em "mais de 120.000 inoculações" diárias - e aos profissionais pela "força de trabalho incansável" neste processo.
Já em relação ao novo indicador de avaliação do estado da pandemia, apresentado pela Ordem dos Médicos na quarta-feira, a ministra assegurou ter recebido a nova matriz proposta pelo bastonário Miguel Guimarães e disse que "todos os indicadores que são referidos por peritos estão neste momento a ser considerados", não descartando eventuais alterações ao quadro de análise do Governo após a reunião no Infarmed no próximo dia 27.
"Numa fase inicial, os peritos referiram que os dois indicadores de risco de transmissibilidade efetivo (Rt) e incidência cumulativa eram aqueles que nos davam uma leitura mais rápida e concreta da realidade", referiu, resumindo: "Os outros indicadores são complementares. A matriz de alguma forma já reflete aquilo que são os outros indicadores".
A pandemia de covid-19 já matou em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, 17.194 pessoas e foram registados 922.747 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.