Óbitos por covid aproximam-se dos tempos do primeiro desconfinamento

Nas últimas 24 horas morreram 25 pessoas vítimas de covid-19. Os números de óbitos aproximam-se dos registados em finais de abril de 2020, quando terminou o primeiro período do estado de emergência. Os dados atualizados da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicam ainda há agora 1403 doentes internados em Portugal, dos quais 342 em unidades de cuidados intensivos (UCI).
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Portugal registou, nas últimas 24 horas, 25 mortes e 365 novos casos de covid-19, de acordo com os dados atualizados da DGS esta segunda-feira, 8 de março. Números que se aproximam dos que aconteceram no primeiro desconfinamento.

O número de internados indica que estão menos 11 pessoas que ontem, totalizando 1 403. Os números de doentes em unidades de cuidados intensivos desceram para valores próximos dos que ocorreram no início de novembro e são agora de 342.

Os dados avançam ainda que existem menos 1 632 casos em vigilância e mais 779 doentes recuperados. Existem agora 23 881 contactos em vigilância, menos 1 632 nas últimas 24 horas.

A atualização dos dados da pandemia em Portugal surge no dia em que se realizou mais uma reunião com vários especialistas, feita em videoconferência a partir das instalações do Infarmed, em Lisboa. No encontro, os peritos indicaram que a partir do dia 15 de março poderá haver condições para dar início ao plano de desconfinamento, cujas medidas devem ser faseadas, mas estáveis, defendem.

A reunião contou com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e representantes de partidos políticos. Aliás, no final do encontro com os especialistas, o chefe do Governo, afirmou ter agora uma "base científica mais sólida" para a tomada de decisões na resposta à pandemia de covid-19.

"É importante encontrar uma metodologia que pudesse partilhar com a comunidade qual é a sustentação científica dos riscos diferenciados, porque isso ajuda toda a gente a perceber as medidas adotadas e facilita a adesão. Sinto-me com ferramentas para ter um processo de decisão mais sustentado", afirmou Costa, acrescentando: "O decisor político fica a partir de agora habilitado a ter uma base científica mais sólida para tomar as suas decisões".

Na reunião, Henrique Barros, epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, apresentou um plano com cinco grandes níveis de medidas que consigam antecipar a evolução da infeção em Portugal.

O plano começa no nível 0, que contempla apenas medidas individuais não farmacológicas, como uso de máscara, distanciamento e lavagem das mãos, evolui para o nível 1, em que não são autorizadas reuniões com mais de 50 pessoas, prossegue no nível 2, em que se fecham cafés, restaurantes e o comércio, continua no nível 3, em que se interrompem atividades de ensino presencial secundário e superior, e, finalmente, terminam no nível 4, com a interrupção das atividades de ensino presencial no básico e creches.

Já o epidemiologista Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) defendeu na reunião que, com a incidência acumulada de perto de 120 casos de covid-19 por 100 mil habitantes, deve-se optar pela "manutenção das medidas por enquanto".

O especialista apresentou um conjunto de indicadores que devem orientar a implementação de medidas.

Entre os indicadores mais importantes, o investigador realçou como objetivos uma incidência a 14 dias inferior a 60 casos por 100 mil habitantes, um índice de transmissibilidade (Rt) abaixo de 1, uma taxa de positividade nos testes menor do que 4% e um atraso na notificação em menos de 10% dos casos confirmados, o isolamento precoce e rastreio de contactos em 24 horas de pelo menos 90% dos casos, uma taxa de ocupação em cuidados intensivos até 85% para a capacidade após março de 2020, e a vigilância e controlo das variantes.

Também esta segunda-feira ficou a saber-se que a estratégia de rastreio à covid-19 nas escolas prevê um primeiro teste rápido de antigénio a todos os professores, restantes funcionários e alunos do secundário, que se repete 14 dias depois nos concelhos com mais casos.

Esta é uma das orientações do "Programa de Rastreios laboratoriais para a SARS-CoV-2 nas creches e estabelecimentos de educação e ensino" divulgadas hoje pela Direção-Geral da Saúde (DGS), Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) e Instituto de Segurança Social (ISS).

O reinício das atividades escolares presenciais, suspensas desde o final de janeiro, vai implicar a realização de um teste rápido de antigénio em amostras do trato respiratório superior (exsudado da oro/nasofaringe) a docentes e não docentes de todos os níveis de ensino - desde creches ao ensino secundário -- assim como aos alunos do ensino secundário.

Depois do primeiro teste, será "adotada uma estratégia de rastreios periódicos, nos concelhos com uma incidência cumulativa a 14 dias superior a 120/100.000 habitantes" através de testes rápidos de antigénio.

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