Número de internados em UCI está a cair há 39 dias
Registaram-se mais 434 casos de covid-19 nas últimas 24 horas em Portugal, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta terça-feira (23 de março). No mesmo período, foram reportados 10 mortes pela doença provocada pelo novo coronavírus.
Em dia de reunião de peritos no Infarmed, que avaliaram a evolução da pandemia no nosso país, o relatório da DGS indica que há agora 743 pessoas internadas com a covid-19 - menos 28 que no dia anterior - das quais 159 em unidades de cuidados intensivos (menos seis).
É o 39º dia consecutivo em que o número de internados em cuidados intensivos baixa - desde 12 de fevereiro que esta é uma tendência permanente (só a 21 de março o número não desceu, mas também não subiu). Mas a essa data Portugal vivia ainda os piores dias da pandemia: havia então 846 pessoas em cuidados intensivos, números que caíram para cerca de um quinto desde então.
É preciso recuar a 18 de outubro para encontrar um número mais baixo de internados em cuidados intensivos (eram então 155).
Nas hospitalizações, a realidade é semelhante: desde 6 de outubro que o país não tinha estes valores nos internamentos (eram então 732).
Nas últimas 24 horas recuperaram da doença 1212 pessoas. Há agora 32 332 casos ativos em Portugal, menos 788 que os contabilizados no boletim de segunda-feira. Há, atualmente, 14 918 contactos em vigilância.
Em termos globais, Portugal conta 16 794 óbitos devidos à covid-19, num total de 818 212 casos.
A região de Lisboa e Vale do Tejo continua a apresentar o número de casos mais alto - foram 157. Segue-se a região norte, com 113 contágios registados.
Já no que se refere ao número de óbitos, é precisamente a norte que há mais mortes a lamentar nas últimas 24 horas. Foram cinco, metade do total nacional. Na região da grande Lisboa houve três óbitos, no centro um e no Alentejo também um.
Antes de ser divulgado o boletim diário da autoridade de saúde, ficamos a saber que a variante do vírus SARS-CoV-2 identificada no Reino Unido deverá representar 90% dos novos casos de covid-19 em Portugal dentro de "algumas semanas". O alerta foi dado pelo investigador João Paulo Gomes, do Instituto Ricardo Jorge (INSA) durante a reunião do Infarmed.
Até ao momento, foram já identificados 24 casos da variante inicialmente identificada na África do Sul e 16 casos da variante de Manaus (Brasil).
O especialista notou que a prevalência desta "variante britânica" já estará acima de 70% em território nacional.
"Em Inglaterra é já próximo dos 100% e o mesmo vai acontecer noutros países numa questão de tempo. Na Dinamarca já passou os 90%, na Irlanda era há três semanas de 90% também. Depois, temos Suíça, Portugal, Áustria e Alemanha com um crescimento acelerado e todos eles acima dos 50-60%, portanto, não é de estranhar se todos estes países estiverem daqui a algumas semanas acima dos 90% de casos de covid-19 provocados pela variante do Reino Unido", explicou.
Na mesma reunião, o investigador da DGS, André Peralta Santos, defendeu que a vacinação contra a covid-19 deve estender-se até à população acima dos 40 anos para haver uma maior segurança ao nível de internamentos em cuidados intensivos.
"Num cenário de grande incidência, como tivemos em janeiro e que se repercutiu nas hospitalizações em fevereiro, só a população de 40 a 60 anos é suficiente para ultrapassar o indicador de 245 camas em unidades de cuidados intensivos (UCI). Esta mensagem quer dizer que, para estarmos completamente seguros, a faixa etária a vacinar terá de ir até estas idades", afirmou o diretor de Serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde, notando que o país está abaixo do indicador de 245 camas de UCI ocupadas devido à covid-19.
André Peralta Santos revelou também que "houve uma diminuição generalizada da incidência no território", situando-se entre os 60 e os 120 casos por 100 mil habitantes a 14 dias, embora tenha destacado que "alguns municípios" na região de Lisboa e Vale do Tejo já apresentam "variações positivais" a este nível.
Na análise por grupos etários, o especialista da DGS salientou "uma mudança de padrão", centrada na população ativa, que "voltou a ser a população com maiores incidências", enquanto o grupo etário de mais de 80 anos, fortemente atingido pela covid-19 no último ano, "passou a ter uma incidência menor à média nacional".
Já em relação à testagem, André Peralta Santos destacou uma "intensidade bastante considerável, dispersa por todo o território e uma positividade acima de 4% só em alguns concelhos".
A evolução positiva verificou-se também na notificação laboratorial dos casos, segundo o perito da DGS, com "uma melhoria na rapidez de desempenho nos últimos meses e até nos meses de maior intensidade epidémica", sendo o atraso de notificação atualmente inferior a 10% dos casos.
O índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 "tem vindo a aumentar" e já atingiu 0,92, adiantou esta terça-feira o investigador Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), sem deixar de considerar a subida como "natural".
Com base na média de cinco dias entre 13 e 17 de março, o Rt situa-se em 0,89, mas o epidemiologista, que integra o grupo de peritos que presta apoio ao Governo na tomada de decisões no âmbito da pandemia de covid-19, explicou que no último dia de análise este indicador já tinha atingido os 0,92, muito perto do limite de 1 fixado pelo governo nas métricas de análise da evolução do plano de desconfinamento.
Na mesma reunião foram apresentados dados, dando conta que foram feitos 82 425 testes em escolas e registados 81 casos positivos, ou seja, uma taxa de positividade de aproximadamente 0,1%. Já nas prisões realizaram-se 14 702 testes, dos quais 1019 se revelaram positivos (6,9%). Quanto à presidência do Conselho de Ministros, apenas 25 dos 1797 testes tiveram um resultado positivo (1,4%).
Finalmente, nos lares de idosos foram realizados 150 163 testes, com 2 627 a darem um resultado positivo (1,8%), enquanto na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) fizeram-se 58 609 testes e 2 652 (4,5%) confirmaram um diagnóstico positivo para a infeção pelo vírus SARS-CoV-2.