Livro homenageia todos que lutaram e sofreram com a covid-19 

<em>Imagens do Cuidar: O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central e a Covid-19</em> é o registo vivo do que profissionais de saúde, paciente e familiares passaram com esta pandemia. Um documento que mostra um tesouro de vivências e onde sentimentos contraditórios como a tristeza e a alegria convivem em harmonia.
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256 páginas. 150 fotografias. Um "mero" registo do que foi a covid-19 em Portugal. Um registo da resistência e resiliência dos profissionais de saúde e de todos os que ajudaram a combater esta pandemia. Um registo de todos os que lutaram, em que alguns perderam e outros sobreviveram. Um livro onde há emoção e humanismo, onde o sentimento de tristeza convive com a alegria.

O Imagens do Cuidar: O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central e a Covid-19 é tudo isto e muito mais. Um projeto que nasceu de um desafio feito pelo Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central ao repórter fotográfico, Rodrigo Cabrita. O desafio de registar o dia a dia dos seus seis hospitais durante a pandemia. Durante dois meses Rodrigo frequentou o Curry Cabral,  São José, D. Estefânia, Capuchos, MAC e Santa Marta. Dias em que viu sofrimento, tristeza, desespero, mas também esperança e empatia. Um projeto que teve o apoio do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, do Grupo Bel e da Editora Guerra e Paz e que se resultou num livro apresentado ontem, na capela do Hospital de São José.

"Um livro sobre a resistência de quem se recusou a entregar-se ao desespero, à vontade de desistir e ao grande sofrimento que a doença infligiu no seu corpo." É desta forma que a Editora Guerra e Paz apresenta o livro. "Um tesouro de vivências", afirma Rosa Valente e Matos, presidente do Conselho de Administração do CHULC, acrescentando que o livro fala de duas coisas simples (mas muito importantes): de pessoas e do cuidar. "É um testemunho sem filtros que mostra a dedicação, o sofrimento, a incompreensão, mas sobretudo a ação".

Marco Galinha, CEO do Grupo Bel e CEO do Global Media Group, revelou que, quando convidado a participar no projeto, a resposta imediata foi "sim". E relembrou que "os profissionais de saúde se excederam para além do seu dever". Para o executivo a principal mensagem que devemos apreender, quer de dois anos de pandemia, quer da leitura do livro, é a de que devemos cuidar uns dos outros e que nunca nos devemos esquecer da nossa humanidade.

Para Manuel Fonseca, Editor da Guerra e Paz este livro é mais do que "apenas" um livro que editou e ajudou a desenvolver. É também um reflexo daquilo que experienciou enquanto doente covid, internado nos cuidados intensivos. E foi isso mesmo que explicou aquando do lançamento. "Como doente revejo-me neste livro", afirmou, acrescentado que beneficiou da luta travada pelos profissionais de saúde e que o livro louva e homenageia esses mesmos profissionais. "Obrigada pela minha vida. Obrigada pelas nossas vidas", exclamou, de lágrima no olho.

Os hospitais são uma casa de dor, mas também uma casa de esperança, uma casa de humanidade. Essa foi a mensagem transmitida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Clemente. "O livro inteiro não daria para contar o agradecimento e reconhecimento que há nestas casas", referiu, acrescentando que acredita que "não vamos apenas ficar bem, vamos ficar melhores".

"Descobri que faço parte de uma geração que não conhecia o medo", afirmou o jornalista da TVI, José Alberto de Carvalho. "Até há dois anos não sabia o que era o medo". E é precisamente, na sua opinião, o medo o que está retratado no livro. Mas também como se sobrevive ao medo. "Todos foram heróis", conclui, "até os profissionais da limpeza".

"Descobri que faço parte de uma geração que não conhecia o medo", afirmou o jornalista da TVI, José Alberto de Carvalho.

Mas nada disto seria possível sem as imagens impactantes, tiradas pelo fotojornalista Rodrigo Cabrita. Que, durante dois meses, frequentou os cuidados intensivos de seis hospitais. "Dentro deste livro estão muitas histórias que vivi, umas tristes e outras nem por isso", afirma, lembrando-se especificamente da fotografia que faz capa do livro e lhe deu um prémio no concurso internacional Pictures of the Year International (POY). A fotografia de Francisco, um adolescente que internado e entubado verteu uma lágrima. "A lágrima do Francisco é a lágrima de todos nós", constata Rodrigo Cabrita que considera que a fotografia em causa, provavelmente, é "a imagem mais forte de toda a minha vida enquanto fotojornalista".

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