Lisboa com 181 casos por 100 mil habitantes. Semana decisiva para desconfinamento

Semana decisiva na capital para baixar transmissão e incidência, mas é difícil que tal aconteça e não deve avançar para a fase seguinte do desconfinamento. No país, este foi o pior domingo desde o dia 7 de março
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Dois meses depois o país volta a registar mais de 600 casos (612) a um domingo - a útima vez que tinha acontecido foi a 7 de março com 682 novos doentes. A semana termina com uma média de 570 casos dia (569,7).

A tendência é de subida desde o início de maio, semana a semana, e de agravamento em algumas regiões, nomeadamente na capital, onde, na sexta-feira, o relatório de monitorização da incidência da Direção-Geral da Saúde dava conta de 181 casos por 100 mil habitantes, correspondendo a uma incidência cumulativa a 14 dias superior a 120 casos por 100 mil.

A situação é preocupante e a capital avança para sete dias decisivos e de alto risco a nível de contágio, devido ao feriado e às festividades do Santo António, embora marchas e arraiais tenham sido cancelados.

A questão é que este cenário, e segundo explicou ao DN o professor Carlos Antunes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, pode agravar. As suas estimativas apontam para que a capital atinja os 240 casos por 100 mil habitantes a 13 ou a 14 de junho, podendo fazer com que tenha de regredir no desconfinamento.

Durante a semana que ontem terminou, foram vários os apelos, inclusive do presidente da autarquia, Fernando Medina, para que os lisboetas continuem a cumprir as regras de proteção individual e para que adiram ao programa de testagem gratuita nas farmácias, despistando eventuais cadeias de transmissão.

Na próxima reunião de Conselho de Ministros, que deverá ser antecipada para quarta-feira, à semelhança do que aconteceu na semana passada, o governo terá de decidir que concelhos avançam para o desconfinamento prolongado, os que mantém a regras atuais e os que, eventualmente, têm de regredir.

Destaquedestaque1.10 é agora o R(t) no Continente. Este é o índice de transmissibilidade no continente, a nível nacional está em 1.08,uma subida de 0,2 pontos percentuais em ambos os índices. A incidência aumentou a nível nacional de 67,5 para 69,8 e no continente de 63,7 para 67,5.

Em Lisboa é preciso dar tudo para reduzir a transmissibilidade e a incidência, o que em poucos dias não será fácil. Mas o alerta vai também para outros concelhos de Lisboa e Vale do Tejo, como Cascais e Odivelas, que registam ambos, segundo o relatório da DGS, 101 casos por 100 mil habitantes. Sintra, Loures e Amadora ainda não passaram a barreira dos 100 casos, estando com 77, 82 e 83 casos respetivamente.

A primeira semana de junho fica marcada pelo registo de 3988 casos no país de covid-19. Destes, 2133 ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo, o que corresponde percentualmente a 53,4% do total dos casos, sendo esta a quarta semana em que a tendência de subida acentuada se mantém - só na última semana foram registados mais 554 casos do que na semana anterior.. A mesma tendência foi verificada quanto à mortalidade. Ao todo, 11 mortos, mais cinco do que na semana anterior.

A boa notícia é que tais números não se têm refletido nos internamentos em enfermarias nem nos cuidados intensivos. A semana terminou ontem com 265 pessoas internadas, 52 em intensivos, menos do que no domingo anterior, em que estavam 271 internadas, 54 em intensivos.

Uma situação que os especialistas dizem ter como explicação o facto de a maioria dos infetados ser das faixas etárias mais novas, nos quais a doença não se manifesta de forma tão grave, e de uma boa parte da população sénior já estar protegido com a vacinação. Mas, e como sublinhou esta semana ao DN, Raquel Duarte, a pneumologista que o governo convidou para a elaboração da proposta de desconfinamento, "se os casos continuarem a aumentar haverá inevitavelmente um aumento nos internamentos".

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