Linha de Cascais volta ao serviço normal em fevereiro

Linha de Cascais volta ao serviço normal em fevereiro

Reparação da subestação do Cais do Sodré dura cinco meses, depois do incêndio de março causado por obras do Metro de Lisboa. Até lá, oferta de comboios está reduzida 30%.
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Será preciso esperar por fevereiro para os comboios voltarem à normalidade na Linha de Cascais. Começou no início do mês a reparação da subestação do Cais do Sodré, que sofreu um incêndio em 19 de março e que tem limitado a oferta ferroviária numa das linhas mais frequentadas do país.

A reparação da instalação que fornece energia aos comboios vai custar 1,27 milhões de euros, divididos em duas fatias: a Efacec vai repor o funcionamento da subestação de tração por 650 mil euros; a Elektrorail, dos Países Baixos, vai substituir os equipamentos danificados, por 620 mil euros, segundo os contratos publicados no portal Base pela Infraestruturas de Portugal (IP), que gere a rede ferroviária nacional. Ao DN/Dinheiro Vivo, fonte da IP confirma que a reposição da normal oferta de comboios “depende da conclusão das duas empreitadas”.

Desde o incêndio, a oferta foi reduzida 30%, porque há apenas os comboios entre Cais do Sodré e Cascais, com paragem em todas as estações: nas horas de ponta, há sete comboios por hora, nos dois sentidos; fora disso, a oferta está limitada a quatro serviços por hora, também nos dois sentidos. Em condições normais, há 11 viagens por hora por sentido nas horas de ponta porque há desdobramento dos comboios: serviços rápidos entre Cais do Sodré e Cascais e entre Cais do Sodré e Oeiras (com paragem em todas as estações; fora da hora de ponta, há quatro comboios por hora.

A Linha de Cascais é a única via ferroviária eletrificada que ainda funciona com 1500 volts em corrente contínua, ao contrário dos 25 000 volts em corrente alternada que existem nas restantes linhas eletrificadas. Isto quer dizer que em apenas 26 quilómetros de linha há seis subestações: além do Cais do Sodré, a energia para os comboios é fornecida por instalações em Belém, Cruz Quebrada, Paço de Arcos, Carcavelos e São Pedro. Este é o preço do pioneirismo: foi a primeira linha eletrificada do país, numa altura em que o serviço era gerido pela Sociedade Estoril.

Por conta do incêndio, são as estações de Belém e Cruz Quebrada a fornecerem energia aos comboios no percurso entre Cais do Sodré e Belém. A situação, no entanto, limita o funciona da linha: apenas podem circular dois comboios ao mesmo tempo entre Cais do Sodré e Belém, lembra a IP.

Prazo adiado

Depois do incêndio, a gestora da rede ferroviária não se comprometeu com uma data para a reposição da normalidade na Linha de Cascais.

“Oportunamente será emitido um plano de ação”, referiu a IP no final de março ao jornal Público. Três meses depois, ainda não havia indicações da IP, mas a CP tinha indicação de que “no limite, o serviço será totalmente reposto até dezembro de 2024”, segundo declarações ao mesmo jornal.

Agora, o prazo é fevereiro do próximo ano, praticamente um ano depois do incêndio. “A definição de soluções técnicas para equipamentos com alguma antiguidade (embora em perfeitas condições de utilização) e a sua adaptação ao que o mercado oferece, tem constituído a maior dificuldade identificada no desenvolvimento dos processos para a reposição das condições de funcionamento da subestação do Cais do Sodré”, justifica ao DN/Dinheiro Vivo fonte oficial da IP.

Indemnização avaliada

O incêndio resultou de um curto-circuito provocado por uma manobra com cabos da empresa que estava a construir a ligação entre a futura estação de Santos e o final da estação do Cais do Sodré, no âmbito da futura Linha Circular do Metro de Lisboa. Seis meses depois do incidente, quando questionada sobre um eventual pedido de indemnização, a IP refere que “a avaliação de custos está a ser trabalhada” com o Metro de Lisboa. O montante da indemnização depende.

“As causas e responsabilidades pelo sinistro encontram-se em fase de averiguação pela seguradora” da empresa responsável pelas obras”, adianta ao Dinheiro Vivo o metropolitano da capital, que aguarda as conclusões da avaliação. “Quaisquer indemnizações à IP resultarão desse apuramento”, remata a mesma fonte.

Modernização da linha em curso

Também para 2025 está prevista a conclusão da modernização da Linha de Cascais, que passará a ter informação ao público em todas as estações, novos sistemas de sinalização e diagonais em plena via, para os comboios poderem mudar de linha em caso de algum problema. A linha também passará a ter a mesma tensão na catenária da restante rede ferroviária nacional. A energia será fornecida pela futura subestação de Sete Rios, que terá um cabo a ligar à Linha de Cascais, deixando de existir as atuais seis subestações.

A migração da corrente, no entanto, apenas irá ocorrer em 2027, quando a CP tiver 25 das 34 novas automotoras elétricas para esta linha - as primeiras 25 unidades serão bi-tensão e só chegarão em meados desse ano. Até ao final de 2026, a IP compromete-se em acabar com três atravessamentos à superfície desta linha. No total, as empreitadas vão custar 77 milhões.

Mais adiante há um plano para que um comboio elétrico possa partir da estação de Cascais e chegue ao Oriente, passando por Sete-Rios, Entrecampos e Roma-Areeiro. A ligação entre a Linha de Cascais e a Linha de Cintura deverá ser construída entre 2028 e 2031, levando ao enterramento da estação de Alcântara-Terra. Até lá, os passageiros desta linha vão ter de lidar com uma redução da normal oferta de comboios todos os dias.

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