Lambda. A variante sul-americana que está a deixar os especialistas preocupados
O mundo está a lutar contra a variante Delta, que tem uma prevalência de quase 100% na grande maioria dos países, mas os especialistas em doenças infecciosas norte-americanos também estão preocupados com a variante Lambda, identificada pela primeira vez no Peru em agosto de 2020.
Embora o sequenciamento genómico tenha identificado apenas 1060 casos até à data, alguns estudos indicam a capacidade putativa desta variante de aumentar a transmissibilidade e contrariar os efeitos dos anticorpos produzidos pelas vacinas.
A Organização Mundial da Saúde já definiu a Lambda como uma "variante de interesse", uma classificação inferior àquela que atribuiu à Delta, designada como "variante de preocupação".
A variante Lambda já foi detetada em 29 países, a maior parte do continente americano, como Chile, Peru, Estados Unidos, Equador e México - em Portugal são ainda muito poucos os casos. No entanto, já se registaram 13 casos em Itália, ainda que apenas um nas últimas quatro semanas. A sua prevalência global diminuiu em muitas zonas do mundo e não parece competir com a Delta, mas são as possíveis mutações que preocupam os especialistas.
A variante Lambda tem muitas mutações da variante original de Wuhan, incluindo sete na proteína spike, incluindo as T761, L452Q, que têm o poder de aumentar a transmissibilidade. Já a mutação RSYLTPGD246-253N tem o poder de escapar aos anticorpos criados pelas vacinas.
Um estudo da Escola de Medicina Mount Sinai, de Nova Iorque, indica que a variante mais resistente ao poder neutralizante dos anticorpos produzidos pelas vacinas foi precisamente a Lambda, seguida da Beta. No entanto, as vacinas de mRNA aparentam continuar a ser eficazes.
Já um estudo publicado a 19 de julho pela Escola de Medicina Grossman, da Universidade de Nova Iorque, mostra que algumas das variantes emergentes, incluindo a Lambda, poderiam escapar à proteção fornecida por uma única dose da vacina da Johnson & Johnson. Contudo, o relatório indica que as variantes Beta, Delta, Delta Plus e Lambda mostraram apenas uma resistência "modesta" contra os anticorpos das vacinas da Pfizer e da Moderna.
A variante Lambda está difundida sobretudo na América do Sul, onde a Delta não tem a mesma prevalência do que noutras zonas do globo, e tem-se disseminado essencialmente por países onde são geralmente aplicadas as vacinas chinesas Sinovac e CoronaVac, consideradas menos eficazes para travar a transmissão de infeções.