"Num mundo tão polarizado, num mundo onde vemos cada vez mais 'fake news', desinformação, é importante mexer de forma positiva o ecossistema onde estamos", defende João Maria Botelho.
"Num mundo tão polarizado, num mundo onde vemos cada vez mais 'fake news', desinformação, é importante mexer de forma positiva o ecossistema onde estamos", defende João Maria Botelho. FOTO: Gerardo Santos

João Maria Botelho, o jovem que se senta à mesa em defesa da sustentabilidade

Fundador da Generation Resonance vai integrar a comitiva oficial de Portugal na Conferência de Bona, promovida pelas Nações Unidas.
Publicado a
Atualizado a

Mostrar que os jovens podem, e devem, sentar-se à mesa em prol do futuro, em especial na área da sustentabilidade e mudanças climáticas. Esta é uma das bandeiras do jovem João Maria Botelho, 23 anos, que vai integrar a comitiva oficial de Portugal na Conferência de Bona, na Alemanha.

"[Quero] mostrar aos nossos jovens portugueses que realmente nós temos de nos sentar à mesa, nós podemos pedir mais, nós devemos também pressionar e mostrar que estamos fora da bolha", diz ao DN o fundador da Generation Resonance e Forbes Under30 em Sustentabilidade.

Para João Maria, ser um dos primeiros jovens portugueses a participar oficialmente na Conferência de Bona, mesmo sem ligações político-partidárias é uma alegria. "Sinto-me muito feliz por não pertencer a nenhum partido, por não pertencer ao Governo, por não ter nenhuma cor política, por ser incluído nesta delegação, porque acho que é todo o país que ganha."

A conferência na cidade alemã é considerada um dos grandes palcos internacionais para se falar sobre o futuro do clima. Para o português, é nestes espaços que mais jovens precisam de estar. "Se vamos ser nós a herdar e se vamos ser nós aqueles que vão estar a sofrer as consequências no futuro, pelo menos [devem] considerar-nos, ou auscultar-nos e levar-nos para os palcos onde vamos estar a discutir financiamento climático, soluções sobre os mercados de carbono, o fundo de perdas e danos, podermos não só escutar, como também trazer estes temas a público", defende.

O português vai aproveitar a participação no evento para amplificar as vozes, com publicações nas redes sociais para promover o conhecimento e o diálogo. "Ao estar na delegação, portuguesa, vou querer, através das plataformas que tenho, quer seja redes sociais e etc., poder explicar o que é que se está a passar, ou seja, às vezes até partir de um grau mais básico, ou seja, a sustentabilidade para todos, desmistificar conceitos de sustentabilidade, também mostrar o que está a passar-se e torná-lo simples, porque muitas das vezes a sustentabilidade tem muitos jargões técnicos", sublinha.

Na visão do fundador da Generation Resonance, o evento é uma aprendizagem mútua ao ter a participação de jovens — e é importante ter a participação de Portugal. "Nós jovens vamos numa muito de watch and learn, e também de estar a perceber e estar em primeira mão num palco mundial onde o tema é a sustentabilidade — não só para mim é um sonho, como também representa, acho, um pequeno ganho para a juventude portuguesa", define.

João Maria Botelho quer também desmistificar a ideia de que os jovens são desinteressados nos grandes temas da atualidade, como as mudanças climáticas. Esta foi uma das razões para a criação da plataforma Generation Resonance, que visa capacitar jovens em diversas áreas, com atuação internacional.

"Já fizemos vários cursos gratuitos para jovens sobre alterações climáticas, ESG, políticas internacionais, fazemos uma summit anual com diversos nomes nacionais e internacionais, no ano passado, em Oeiras, reunimos um dia inteiro para falar sobre governação dos oceanos, transição energética e finanças sustentáveis, reunimos um conjunto de embaixadores para o futuro, pessoas que estão connosco e que acreditam", resume. Segundo o jovem é isto que o move. "É não só posicionar os jovens em sítios onde eles possam efetivamente fazer alguma coisa e, ao mesmo tempo, também aprender com aqueles que já estão a fazer e que já fizeram", explica.

Ao mesmo tempo, reconhece que o facto de os jovens terem preocupações financeiras, como empregos precários e dificuldades na habitação pode ser limitador. "Quando os tempos económicos são complicados, muitas vezes as causas sociais são postas na gaveta. Não por desinteresse, mas porque nós estamos ligados no piloto automático. Ou seja, eu acordo cedo, eu vou trabalhar, vou para casa, durmo, acordo no dia seguinte, são os sinais dos tempos. E a sustentabilidade, nesse sentido, tem de ser vista no contexto. Eu não acredito que haja um desinteresse, porque os jovens são bastante interessados, muitas das vezes as condições a que nós estamos expostos não nos permitem o interesse que nós queríamos", analisa. Mas, para estes jovens, em especial o português, tem um recado: "Por favor, nunca percam a vossa ambição interior, os tempos estão complicados para todos."

amanda.lima@dn.pt

"Num mundo tão polarizado, num mundo onde vemos cada vez mais 'fake news', desinformação, é importante mexer de forma positiva o ecossistema onde estamos", defende João Maria Botelho.
Governo e farmacêuticas assinam acordo para sustentabilidade do SNS
"Num mundo tão polarizado, num mundo onde vemos cada vez mais 'fake news', desinformação, é importante mexer de forma positiva o ecossistema onde estamos", defende João Maria Botelho.
Os jovens sentem-se mais tristes e a curva da felicidade está a achatar

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt