Jornalistas reunidos no Largo Camões.
Jornalistas reunidos no Largo Camões.Leonardo Negrão / Global Imagens

Jornalistas saíram à rua em protesto por melhores salários e condições de trabalho

Greve e manifestações dos profissionais de comunicação social marcaram o dia esta quinta-feira. Não acontecia há 40 anos.
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A greve geral de jornalistas marcada para esta quinta-feira pelo sindicato do setor teve uma significativa adesão, com várias centenas de profissionais a saírem às ruas de norte a sul do país em manifestações contra os baixos salários e a precariedade.

Tratou-se da primeira ação de protesto do género marcada pelo Sindicato dos Jornalistas em mais de 40 anos - a última foi em 1982 -, num momento em que a comunicação social enfrenta desafios sem precedentes, nomeadamente relativamente no que se refere às fontes de financiamento.

Panorama do Largo Camões com centenas de jornalistas reunidos em protesto. Foto: Leonardo Negrão / Gloal Imagens

O Largo do Camões, em Lisboa, foi o principal ponto de encontro, ao final do dia, na capital. Aqui pôde ouvir-se a intervenção de vários jornalistas e delegados sindicais que descreveram como estando a dar "um grito de alerta" para o atual estado da comunicação social.

Isaura Almeida (ao centro na foto) explicou porque a redação do DN se identifica particularmente com esta luta. Foto: Leonardo Negrão / Global Imagens

Entre os muitos jornalistas presentes esteve em peso a redação do DN - que aderiu à paralisação quase a 100%. 

Depois de, desde dezembro, terem passado por três meses de ordenados em atraso (situação que está maioritariamente resolvida, após mudança da administração), mas de novo perante uma redução de efetivos na redação, como foi noticiado, a maioria dos jornalistas do DN assumiram este dia como uma oportunidade para personificar a luta pela classe e pelo seu jornal centenário.

"O Diário de Notícias, nesta altura, é um exemplo de luta e, também por isto, nós gostaríamos muito que o jornalismo tivesse futuro e é por isso que estamos cá", disse no Largo de Camões a jornalista do DN Isaura Almeida, que é igualmente delegada sindical. "Isto, mesmo que seja, em muitos dos casos, os que aqui estão, um jornalismo precário", fez questão de frisar.

Antes, os membros da redação do DN fizeram um périplo pelas ruas de Lisboa que, elas próprias, são indelevelmente marcadas pelo DN.

Susana Salvador, jornalista do DN, frente à estátua de Eduardo Coelho, fundador do jornal. Foto: Leonardo Negrão / Global Imagens

Reuniram-se no Jardim de São Pedro de Alcântara, junto à estátua do Ardina Descalço, com o busto de Eduardo Coelho, um dos fundadores do DN, percorreram a Rua do Diária de Notícias, no Bairro Alto (parando junto da sede original do jornal) até chegarem ao Largo de Camões.

Aqui, entre os muitos jornalistas presentes, esteve também o jornalista Pedro Coelho, da SIC: "Agora que vamos mudar de Governo é importante que o jornalismo entre de uma vez por todas entre na agenda política e se olhe para o jornalismo como um bem público, uma voz fundamental à democracia”, disse aos microfones da estação.

O impacto da greve sentiu-se ao longo do dia em rádios como a TSF, que ficou sem transmitir blocos noticiosos, e sentir-se-á de manhã nas bancas, com jornais - incluindo o DN - a não terem edição impressa.

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