Jornalistas em Congresso evocam 25 de Abril
A partir de hoje a Praça dos Restauradores vestese com as imagens de abril, nessa Lisboa de 1974 ou nesta, ainda menina e moça, dos dias que correm. A exposição de fotografia “Portugal Livre 1974-2024”, com curadoria do fotojornalista Mário Cruz, é inaugurada esta segunda-feira e marca o arranque da programação especial dedicada aos 50 anos do 25 de abril pelo V Congresso dos Jornalistas, que decorre no cinema São Jorge, de 18 a 21 deste mês.
Antes, porém, a organização quis focar-se “na estreita relação entre o jornalismo e o 25 de abril”, como sublinha Sofia Branco, coordenadora do grupo de jornalistas que elaborou esta programação. A exposição “Portugal Livre 1974-2024” pretende colocar em diálogo quem fotografou o 25 de Abril e fotojornalistas nascidos após 1974, sobre o que foi conquistado e o que falta conquistar desde a Revolução. Depois da inauguração da exposição (que ficará patente durante um mês) segue-se uma conversa com fotojornalistas de várias gerações, moderada por Mário Cruz. Já no cinema São Jorge, pelas 17 horas, é inaugurada uma outra exposição: "Visto de Fora”, que apresenta pela primeira vez em Portugal trabalhos dos fotógrafos estrangeiros Ingeborg Lippman e Peter Collis, provenientes dos arquivos jornalísticos da Fundação Mário Soares e Maria Barroso. A exposição é o mote perfeito para uma tertúlia sobre o papel dos jornalistas estrangeiros e portugueses no estrangeiro antes e depois do 25 de Abril, um ciclo de vídeo e documentário, intitulado "Cenas de um 25 de Abril desconhecido" (que repete no dia 17), proveniente do arquivo da RTP, e o lançamento de um livro sobre “Media e jornalismo em tempos de ditadura. Censura, repressão e resistência”.
Às 21 horas sobe ao palco do São Jorge a peça “A Noite”, em modo ensaio aberto, uma vez que a estreia está apenas agendada para o dia 24 de abril. Trata-se de uma adaptação da peça de teatro da autoria de José Saramago pelo Grupo de Teatro dos Jornalistas do Norte, e também ela será seguida de debate, com a participação de Pilar del Rio (também ela ex-jornalista), presidente da Fundação José Saramago.
Arquivo Ephemera nas vitrinas
O segundo dia desta programação especial dedicada aos 50 anos da revolução integra um debate entre o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e uma palteia de estudantes. O mote será "Jornalismo, liberdade e democracia". Mais tarde, o destaque será para a história e as estórias do Sindicato dos Jornalistas, uma homenagem às mulheres jornalistas e uma reflexão sobre a luta pela igualdade no jornalismo, juntando várias gerações. O dia inclui ainda a apresentação de "A hora da liberdade", ficção documental de 1999 da autoria de Emídio Rangel, Sousa e Castro e Joana Pontes, da SIC.
Na tarde de quarta-feira, 17, o programa destaca a a reposição da exposição "Proibido por inconveniente", da autoria do Arquivo Ephemera, com algumas adaptações, que ficará patente também nas vitrinas do cinema. Note-se que tanto esta mostra como a de fotografias de Ingeborg Lippman e Peter Collis vão estar em exibição até final do mês e serão acompanhadas por visitas guiadas e tertúlias, exceto nos quatro dias do congresso.
De resto, a inauguração contará com a presença de José Pacheco Pereira.
A programação encerra com "A palavra amordaçada", uma homenagem a quem foi jornalista no tempo da censura e tentou contornála para garantir o direito à informação do povo português. Pela tela da sala principal do cinema São Jorge vão passar testemunhos de jornalistas quer trabalhavam em Portugal e no estrangeiro, ao tempo da ditadura. A sessão incluirá uma atuação musical de Vitorino Salomé, seguida de um outro momento musical, dedicado à música que se ouvia em 1974. “Chamámos-lhe ‘banda sonora de uma Revolução’ e será uma viagem pela música que se ouvia na altura”, explica Sofia Branco. O evento tem início marcado para as 22h00 e estará a cargo do radialista Mário Dias, que revolucionou os bares e discotecas do Cais do Sodré e foi o primeiro DJ do bar Jamaica.
O 5.º Congresso dos Jornalistas decorre entre os dias 18 e 21 de janeiro, também no Cinema São Jorge, e procurará encontrar soluções para o procurará encontrar soluções para o futuro do jornalismo em Portugal, abordando uma panóplia de temas considerados como os principais desafios e problemas que a classe atravessa. Para além dos debates, a comissão organizadora , presidida pelo jornalista Pedro Coelho, da SIC, preparou também um conjunto de iniciativas que vão desde o lançamento de livros a homenagens a vários profissionais, sob o lema “Jornalismo, sempre”.
Todas as iniciativas são de entrada livre, sendo que a programação é aberta ao público em geral.