Mónica Bettencout-Dias é a nova directora do Instituto Gulbenkian de Ciência

A investigadora, de 44 anos, é a primeira mulher a dirigir a prestigiada instituição de investigação na área das ciências da vida
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A investigadora Mónica Bettencourt-Dias será a partir de janeiro a nova directora do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), tornando-se assim a primeira mulher a dirigir aquela prestigiada instituição, criada há 56 anos.

Investigadora principal do IGC desde 2006, Mónica Bettencourt-Dias tem 44 anos. Doutorada em Bioquímica e Biologia Molecular pela University College de Londres, e com um diploma em Comunicação de Ciência, pelo Birkbeck College de Londres, a investigadora é membro do EMBO, Organização Europeia de Biologia Molecular, e por duas vezes, em 2011 e 2015 conquistou as exigentes bolsas "milionárias" do ERC, o European Research Council.

"É uma honra", diz a cientista ao DN, lembrando que "foi por causa do IGC" que regressou a Portugal, em 2006, depois de nove anos a trabalhar como cientista em Inglaterra, primeiro em Londres e depois em Cambridge.

O seu contacto com o instituto já era, no entanto, anterior: foi ali, no programa de doutoramento do IGC, que entrou para fazer o seu próprio doutoramento. "Depois de nove anos fora, decidi voltar para Portugal, porque acreditei no projeto do IGC, de investigação de excelência e aberto à sociedade", explica a cientista. Quanto à excelência do seu próprio currículo, que inclui duas das exigentes e milionárias bolsas do ERC, o European Research Council, ganhas respetivamente em 2010 e 2015, também ele "tem a ver" com o IGC. "O instituto deu-me toda a a liberdade e os instrumentos necessários para poder fazer ciência de alto nível", garante.

Mónica Bettencourt-Dias tem dedicado o seu trabalho de investigação ao estudo dos mecanismos que comandam a multiplicação e o movimento das células. Esses são processos que estão relacionados com estruturas celulares como os cílios (uma espécie de antenas) ou os centrossomas - estes estão no interior das células e contribuem para a multiplicação das células, definindo o seu esqueleto.

Em relação aos centrossomas, por exemplo, foi esta cientista, juntamente com a sua equipa no IGC, que identificou o processo pelo qual eles são formados, com o contributo de uma molécula chamada SAS-6, que define os alicerces sobre os quais eles se formam - e a descoberta tem implicações importantes na área do cancro.

Quanto aos próximos cinco anos, Mónica Bettencourt-Dias tem uma certeza: serão de muito trabalho. "São anos que vão exigir muita organização, para, a partir do que já somos, levar mais à frente a excelência do instituto na investigação científica, mas também na sua ligação às instituições de ciência nacionais e internacionais, e na sua abertura à sociedade".

O facto de ser a primeira mulher a dirigir o IGC é outro ponto "importante", como diz. "Ainda há poucas mulheres a dirigir instituições de excelência na ciência a nível mundial". Por isso, não tem dúvidas, "este ótimo exemplo para dar a outros países"

A escolha da investigadora para dirigir o IGC é o resultado de "um processo internacional conduzido por uma comissão independente constituída por investigadores de elevada reputação", anunciou, em comunicado, a Fundação Calouste Gulbenkian.

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