"Engenheiras por um dia": profissões sem género

Projeto-piloto do Governo junta escolas, empresas e Instituto Superior Técnico
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Acabar com a ideia de que há profissões para homens e profissões para mulheres. É a ideia do projeto-piloto "Engenheiras por um dia", uma iniciativa do ministro Adjunto, Eduardo Cabrita, cujo protocolo vai ser assinado hoje. "O objetivo é combater os estereótipos de género nas escolhas profissionais, quer elas sejam associadas a exclusivamente femininas ou masculinas. Neste caso, as áreas das engenharias e tecnologias que têm uma participação feminina muito baixa, apenas 15% das inscritas no ensino superior, quando elas são a maioria dos alunos no superior", sublinha o governante.

O projeto-piloto, que vai levar esta mensagem de "desagregação das escolas profissionais" aos estudantes do ensino secundário, junta dez agrupamentos de escolas, o Instituto Superior Técnico (IST) e três empresas patrocinadoras, da área das tecnologias, - IBM Portugal, Siemens e Microsoft Portugal. Ao longo deste ano letivo, as alunas destas escolas vão ter oportunidade de conhecer as empresas envolvidas, o IST e vão ouvir falar muito de "carreiras tecnológicas" e de como estas áreas não são exclusivo masculino, sublinha Eduardo Cabrita.

O governante refere que este problema não é exclusivamente nacional e que "vai até ser debatido na Web Summit", daí que tenha sido também aproveitada esta oportunidade para colocar o tema na agenda. Sabendo de antemão que "não há nenhuma razão para esta participação baixa de raparigas nestas áreas tecnológicas", o caminho passa pela desmistificação das ideias de género associadas a determinadas áreas. "Não há nenhuma razão para que elas não sigam estas áreas e queremos mostrar que são áreas de grande potencial de crescimento nas próximas décadas, onde há uma carência óbvia de mulheres, e torna-se importante que tanto o Instituto Superior Técnico como estas grandes empresas entendam que isto é um problema."

Eduardo Cabrita lembra ainda que este poderá ser um trabalho a fazer para áreas também identificadas como mais femininas, "como o serviço social". O que este projeto pretende é "se façam escolhas sem que estas estejam associadas a um estereótipo de género."

O primeiro passo de sensibilização arranca hoje com a assinatura do protocolo entre as escolas, o IST, as três empresas patrocinadoras, a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género e a Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres. "No final do ano vamos avaliar o programa e decidir se alargamos a outras áreas."

O público alvo destas ações são as alunas entre os 14 e os 16 anos, a quem vai ser proposto um conjunto de desafios na área das engenharias, feitos pelo IST. Ao longo do programa vai promovida uma escolha mais livre das áreas de estudo por parte das raparigas, através da desconstrução de preconceitos sobre profissões e áreas de conhecimento das Tecnologias e Engenharia.

O projeto-piloto pretende ainda potenciar redes informais de mentoria, protagonizadas por mulheres profissionais e por raparigas estudantes nesses domínios, a nível local. E pelo caminho, sensibilizar as escolas para a segregação ocupacional e a escassez de mulheres nestas áreas.

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