Incidência, R(t) e positividade disparam em Portugal. Ómicron já é a variante dominante

Incidência superior a 1200, quase que duplicando o valor da semana anterior. Lisboa e Vale do Tejo é a região com maior R(t). Agravamento da pandemia pode aumentar pressão sobre hospitais e mortalidade.
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Indicadores como incidência, R(t) e positividade dispararam em Portugal na última semana, indica o o mais recente relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) com a monitorização das linhas vermelhas para a covid-19.

O incidência de novos casos de infeção por covid-19 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias foi de 1206 casos, quase que duplicando o valor que tinha na semana anterior (630).

No grupo etário com idade superior ou igual a 65 anos, a incidência é de 359 casos, "com tendência fortemente crescente a nível nacional". Na semana passada, este valor era de 244 casos.

Já o R(t) apresenta valor igual 1 tanto a nível nacional (1,35) como em todas as regiões, o que indica uma tendência crescente da pandemia. A região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) foi aquela em que se registou o valor mais elevado (1,42), seguindo-se o Norte (1,40), os Açores (1,39), o Alentejo (1,28), a Madeira (1,26), o Centro (1,18) e o Algarve (1,06).

O número médio de casos diários infeção nos últimos cinco dias aumentou para 12 407 no país, quando na semana anterior era de 5255, sendo mais elevado em Lisboa e Vale do Tejo (5.888), seguido do Norte (3.876), do Centro (1.389), do Algarve (370), do Alentejo (283), da Madeira (363) e dos Açores (115).

Embora a época festiva esteja a ser uma época de muitos testes à covid-19, existe uma proporção de testes positivos de 6,7%, depois de na semana anterior ter sido de 3,4%. O limiar definido pelas autoridades sanitárias portuguesas é de 4%.

Ainda assim, o número de internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente "revelou uma tendência estável, correspondendo a 59% (na semana anterior foi de 61%) do valor crítico definido de 255 camas ocupadas".

Com 37 doentes em cuidados intensivos, o Centro é a região que apresenta maior ocupação de UCI, estando já com 109% do nível de alerta de 34 camas, seguida do Algarve (78%) e do Norte (69%).

De acordo com as autoridades de saúde, o grupo etário com mais internados em UCI é o dos 60 aos 79 anos (92 doentes), no qual se observa uma tendência estável desde as últimas semanas de novembro.

Também "estável" está a mortalidade por covid-19, que é agora de 21,1 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes - na semana anterior tinha sido de 21,8%. "Este valor é superior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias um milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), indicando um impacto elevado da epidemia na mortalidade", refere a análise de risco da pandemia.

"É provável um aumento de pressão sobre todo o sistema de saúde e na mortalidade. A sua magnitude é ainda incerta, mas resultará do rápido aumento do número de casos e será condicionada também pela provável menor gravidade da infeção pela variante Ómicron e pelo efeito protetor da vacinação, em especial da dose de reforço", acrescenta o relatório.

Este aumento exponencial de casos levou a que 6% dos casos confirmados tenham sido notificados anteriores, contra os 3% da semana anterior. A menor eficácia também se aplica ao isolamento de infetados em menos de 24 horas, que nos últimos dias foi de 61% dos casos e na semana anterior tinha sido de 84%.

O mais recente relatório com a monitorização das linhas vermelhas também revela que a "variante Ómicron é já dominante em Portugal, tendo uma proporção de casos estimada de 82,9% no dia 29 de dezembro de 2021".

"A análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional, em especial na região de LVT. A capacidade de rastreamento de contactos de casos revela sinais de pressão. A pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são elevados, embora com tendência estável, revelando assimetrias regionais. É provável um aumento de pressão sobre o todo o sistema de saúde e na mortalidade. A sua magnitude é ainda incerta, mas resultará do rápido aumento do número de casos e será condicionada, também, pela provável menor gravidade da infeção pela variante Omicron, e pelo efeito protetor da vacinação, em especial da dose de reforço", conclui o relatório.

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