Imigrantes protestam na Agência das Migrações por atraso na renovação de documentos
“Olá, meu nome é Faraz e vivo em Lisboa, Portugal, há quatro anos. Sou um bom cidadão, trabalho duro e sou contribuinte regular. Não tenho antecedentes criminais”. Assim começa um dos vários de emails que Faraz Mujahid enviou à Agência para as Migrações, Integração e Asilo (AIMA), na tentativa de saber quando chegará o seu título de residência renovado. Já passaram três meses e o condutor de camiões perdeu diversas oportunidades de emprego por não ter o documento válido.
O paquistanês foi um dos cerca de 50 imigrantes que estiveram na sede da AIMA em Lisboa esta segunda-feira. Vieram de outras cidades - Porto, Odemira, Braga, Torres Vedras e Setúbal - em busca das respostas que não conseguiram nem por e-mail nem por telefone. “A AIMA manda-nos ir ao Instituto dos Registos e Notariado (IRN), que nos manda falar com a AIMA. Ninguém resolve, ficamos perdidos”, relata ao DN em português, idioma que diz esforça-se diariamente para aprender e aperfeiçoar. Além de não conseguir arranjar emprego, apesar da qualificação profissional necessária para a função, a falta do documento também impede o imigrante de visitar a família em caso de alguma emergência. “Tudo isso deixa-me com menos paz e muito stresse na minha cabeça”, explica.
Ao DN mostra o ecrã do seu telemóvel com um dos emails que enviou. Outros imigrantes fazem o mesmo. As mensagens são semelhantes, algumas em português, outras em inglês: reafirmam que estão a contribuir, que não possuem antecedentes criminais, que estão prejudicados pela falta do documento e que não sabem a quem mais procurar. “Ajude-me” e “Help me, please” constam em todas as comunicações. Na maior parte das vezes, não recebem respostas. E quando recebem, são encaminhados o IRN, quando o IRN diz para tratarem do assunto na AIMA, e vice-versa.
Até à publicação desta notícia, o DN continua a aguardar respostas da AIMA e do Ministério da Justiça sobre o assunto.