O homem que matou a tiro a companheira em maio de 2023, no concelho da Ribeira Brava, foi condenado esta terça-feira a 19 anos de prisão pelo Tribunal da Madeira, mas a advogada de defesa pondera recorrer da decisão..O crime ocorreu na casa em que ambos viviam, na freguesia da Serra de Água, na zona oeste da ilha da Madeira, em 21 de maio de 2023, quando o arguido, então com 49 anos, disparou um revólver, que não estava autorizado a deter, por não possuir licença para o efeito, no pescoço da companheira, de 53 anos, provocando-lhe a morte..O coletivo de juízes, presidido por Teresa Sousa, considerou-o culpado dos crimes de homicídio qualificado e posse ilegal de arma de fogo e condenou-o a uma pena única de 19 anos de prisão efetiva..Na leitura do acórdão, a juíza disse que, na aplicação da pena, o tribunal teve em consideração o facto de o arguido não ter antecedentes criminais e de ter a vida organizada, apesar de ser alcoólico, trabalhando como levadeiro..A juíza disse ainda que foi tido em conta o facto de ter uma filha adolescente e de as situações de violência entre ele e a companheira ocorrerem de parte a parte, salientando que o arguido revela capacidade de autocensura e tem noção do ato que cometeu..A presidente do coletivo de juízes alertou, no entanto, para o elevado número de mortes registado em contexto de violência doméstica no país e sublinhou que a pena aplicada constitui também um aviso no sentido da prevenção desse tipo de crime..No decurso do julgamento, que começou em 25 de julho, o arguido assumiu ter disparado contra a companheira, dizendo, no entanto, que não tinha intenção de a matar, mostrou-se arrependido e pediu desculpas à família da vítima..Ficou também provado que a vítima não resistiu, provavelmente porque estaria a dormir quando o arguido lhe encostou o revólver no pescoço e disparou, ficando a bala alojada no cérebro..Após a leitura do acórdão, a advogada de defesa, Sofia Figueiredo, admitiu que poderá recorrer da decisão, considerando haver no processo "'nuances' que deviam ser ponderadas de outra maneira", mesmo tratando-se de um homicídio qualificado.