Há um novo museu e está cheio de máquinas falantes
FOTO: Câmara Municipal de Alcobaça

Há um novo museu e está cheio de máquinas falantes

São mais de mil peças, algumas do final do século XIX, que nos mostram como foi evoluindo a tecnologia do som e das comunicações. Há fonógrafos, gramofones, discos de goma-laca, cilindros, telégrafos e telefones, além de gravações históricas. O Museu das Máquinas Falantes foi ontem inaugurado.
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Fonógrafos do final do século XIX, discos de goma-laca, protótipos e gravações áudio históricas. São cerca de mil as peças expostas em Alcobaça no novíssimo Museu das Máquinas Falantes, projeto antigo que agora viu finalmente a luz do dia. Um espaço que retrata a história da tecnologia do som, das telecomunicações e da rádio difusão.

Da era mecânica até ao advento elétrico, este museu dá a conhecer parte da coleção que a autarquia adquiriu a José Madeira Neves, homem da região que trabalhou como técnico de som na Emissora Nacional. “Era o mundo e a paixão dele”, conta Alberto Guerreiro, museólogo da Câmara de Alcobaça, recordando que o próprio tinha na sua casa, em Cela Velha, um museu privado. Após a morte do colecionador em 2003, a autarquia adquiriu o espólio à família em 2009 mas foi preciso até ontem para a inauguração deste espaço localizado nos antigos armazéns Vazão, na Rua Araújo Guimarães, no centro de Alcobaça.

FOTO: Câmara Municipal de Alcobaça

“É um museu bastante completo”, resume o museólogo, salientado que este reúne as vertentes da difusão sonora e mecânica, da difusão rádio e das telecomunicações. E, espera, será um museu em que públicos de diferentes gerações irão encontrar atrativos, uns porque irão rever máquinas que usaram e que entretanto desapareceram, outros porque vão contactar pela primeira vez com instrumentos de comunicação de outros tempos.

Do total de mais de 5300 peças da coleção, apenas cerca de mil estão ali expostas (as restantes estão guardadas numa reserva). “Temos uma primeira área com fonógrafos, gramofones, caixas de música e coleções de suportes áudio, entre as quais aquela que se julga ser a maior coleção pública de cilindros, os suportes que tocavam nos fonógrafos”, explica o museólogo Alberto Guerreiro, realçando a existência de máquinas falantes criadas na década de 70 do século XIX.

Um fonógrafo e os cilindros, suportes que ali tocavam.
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Verdadeiras relíquias, muitas delas exemplares da época de Thomas Edison, o responsável pela invenção deste aparelho percursor do gramofone e ponto de partida da industrialização da gravação e difusão sonora.

Em quatro pontos de escuta do museu será possível ouvir algumas comunicações históricas, como as primeiras gravações áudio feitas por Thomas Edison ou uma récita de Ulisses por James Joyce. Ou ainda os mais famosos discursos de Churchill e Martin Luther King, um anúncio do Live Aid, as primeiras notícias sobre o ataque ao World Trade Center ou, numa dimensão nacional, as mensagens transmitidas aquando do 25 de Abril e o relato do golo de Éder no Europeu de Futebol de 2016 em várias línguas. Numa componente mais local, o museu permitirá também a escuta de áudios ligados à história das duas rádios do concelho, a Cister FM e Rádio da Benedita.

FOTO: Câmara Municipal de Alcobaça
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Uma outra área do museu é dedicada à parte elétrica das telecomunicações e radiodifusão, com telégrafos, telefones, rádios e microfones. Também aqui com peças muito antigas, algumas resultado do engenho português, como os protótipos de Maximiliano Augusto Herrmann, que fez vários desenvolvimentos no telégrafo de Morse, e de Cristiano Bramão, que, no final do século XIX, já pensava num kit mãos livres para falar ao telefone.

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