Incêndios florestais e alterações climáticas, guerras e conflitos, refugiados, pandemias, mas também as questões de género são alguns dos temas em debate na 16.ª Conferência da Associação Europeia de Sociologia (ESA), presidida pela socióloga portuguesa Lígia Ferro..O certame decorre no Porto a partir desta terça-feira, 27, e estende-se até sexta, 30. Estarão presentes mais de quatro mil sociólogos e outros investigadores científicos, de toda a Europa. “Como pode a Sociologia transformar a tensão em confiança e desenhar cenários alternativos que viabilizem um mundo melhor e assim transformem a vida das pessoas?”, é o mote da conferência..Ao DN, Lígia Ferro explica o impacto da Sociologia na vida quotidiana. “A força da Sociologia está na sua multiplicidade de teorias e metodologias que permitem abordar e compreender desde as relações microssociais às estruturas e dinâmicas macrossocias”, começa por explicar a socióloga.."A partir destes instrumentos, a Sociologia desvela as causas e as consequências das desigualdades sociais de várias formas. A Sociologia analisa cientificamente os fenómenos sociais atuais, fornecendo dados sólidos para diagnosticarmos os problemas e assim podermos fazer recomendações para políticas públicas e intervenções no terreno”, acrescenta. .Ao mesmo tempo, a partir deste conhecimento, segundo Lígia Ferro, “a Sociologia melhora a vida das pessoas e os seus quotidianos. Diria que a Sociologia faz a diferença nos quotidianos das pessoas porque contribui para os melhorar através de conhecimento útil para a sua vida”, refere ainda a socióloga, ao DN. .Dos os temas em debate na 16.ª Conferência da Associação Europeia de Sociologia todos, na opinião da presidente da ESA, impactam Portugal. “Vivemos numa sociedade global e qualquer tema de debate neste congresso toca sempre Portugal”, analisa..Ainda assim, frisa: “Podemos dizer que há temas de interesse mundial que afetam mais Portugal, como é o caso das desigualdades sociais geradas a partir de uma articulação entrelaçada entre variáveis como a classe social, a etnia, as identidades de género, a idade ou a origem territorial, entre outras, das migrações forçadas, das alterações climáticas e sustentabilidade, das guerras, do crescimento dos discursos de ódio, da era digital e a desinformação, da crise da democracia, do populismo e política da instabilidade e do acesso livre de todos os cidadãos à ciência”..Esta é a segunda vez que a conferência se realiza em território português. A primeira foi em Lisboa, há 15 anos, em 2009. Será a primeira vez que a cidade do Porto acolhe o evento. “Beneficiar da discussão destes temas no seu território será uma oportunidade única para Portugal, constituindo-se assim como um espaço privilegiado para diagnosticar tensões contemporâneas, contribuindo para a construção da confiança e a transformação das sociedades europeias”..O evento celebra, ainda, os 30 anos da ESA e irá passar por diversos locais, no Porto, como o Pavilhão Rosa Mota, a Alfândega do Porto, a Casa da Música e ainda várias faculdades da Universidade do Porto. .A Conferência Anual da Associação Europeia de Sociologia (ESA) atingiu, este ano, o número recorde de 4 800 submissões, provindas de toda a Europa. Para lá da oferta de 50 bolsas a participantes europeus, todos os académicos ucranianos, deslocados devido à guerra, tiveram acesso à inscrição gratuita para o evento, no âmbito do fundo de solidariedade da ESA. .Além da ESA estão envolvidos na organização do certame um consórcio de centros de investigação e universidades da zona norte e centro de Portugal, entre os quais o Instituto de Sociologia da Universidade do Porto, sempre em articulação com a Associação Portuguesa de Sociologia (APS), a segunda associação com maior número de membros a nível global..O evento foi precedido, no passado fim de semana, de uma “Escola de Verão” com 25 alunos de doutoramento.