Gouveia e Melo estima que Portugal terá capacidade para administrar 150 mil vacinas por dia

Os grupos prioritários previstos no plano de vacinação contra a covid-19 não serão alterados apesar dos atrasos no fornecimento de vacinas, garantiu o novo coordenador da `task force', o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, que considera que "o país tem capacidade para um ritmo muito elevado de vacinação", caso haja vacinas.
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"Não faria sentido mudar as prioridades porque não há vacinas", disse o coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo, lembrando que a forma como as pessoas foram priorizadas para serem vacinadas "tem muito a ver com os riscos e patologias".

Gouveia e Melo, que sucedeu a Francisco Ramos na coordenação da `task force´, mostrou-se desfavorável a que a estratificação passe a ser feita por idades, alegando estudos que defendem que "atacar as comorbilidades salva mais pessoas do que atacar por faixas etárias decrescentes".

Em entrevista à TVI 24, o vice-almirante avisou que ainda não teremos um verão normal em 2021. "Julgo que um verão normal não teremos, porque o processo de vacinação ainda não estará na fase de imunidade grupo".

O mesmo responsável admitiu ainda que, a manter-se um cenário de escassez de vacinas, a produzida pela AstraZeneca possa ser administrada a pessoas com mais de 65 anos.

"Tudo indica que a vacina tem qualidade, não há dúvidas sobre a qualidade da vacina", afirmou, explicando que as dúvidas sobre a sua administração a pessoas com mais de 65 anos tem por base o facto de, nos ensaios, não ter havido pessoas desta faixa etária "suficientes para se considerar que ela era válida para esse grupo".

Questionado sobre um possível alargamento do prazo para a toma da segunda dose da vacina o vice-almirante afirmou ser "uma solução possível", aludindo a estudos que indicam que tal não se traduz em efeitos negativos no que toca a "gerar anticorpos".

"Ainda estamos num terreno de alguma indecisão, mas de futuro pode ser um caminho", concluiu o mesmo responsável.

De resto, quando for ultrapassado o problema dos atrasos na chegada das vacinas, Portugal terá uma capacidade para administrar entre 100 e 150 mil vacinas por dia e duplicar esse número aos fins de semana, anunciou o novo coordenador para o plano de vacinação contra a covid-19.

"O país tem capacidade para um ritmo muito elevado de vacinação, e vamos fazê-lo, assim haja vacinas para isso", afirmou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, estimando que o país, usando a capacidade máxima, consiga administrar "entre as 100 e as 150 mil vacinas por dia, em períodos normais e nos fins de semana duplicar isso".

Numa altura em que o ritmo de vacinação ronda as "22 mil vacinas por dia", o responsável pelo plano prevê que, no segundo trimestre do ano, "se vierem as vacinas que estão contratadas e que se pensam que virão, o ritmo aumentará para cerca de 80 a 81 mil vacinas por dia".

Gouveia e Melo afirmou ainda que Portugal conta atualmente com 910 postos de vacinação prontos a atuar, nos centros de saúde, número que poderá ser alargado para 1200 postos.

Trata-se, segundo o coordenador do plano de vacinação, que sucedeu a Francisco Ramos no cargo, de "uma malha que atinge de forma muito capilar a população portuguesa, está espalhada no território nacional" e "pronta para trabalhar".

Com o aumento do número de vacinas, no segundo trimestre no ano, admite a necessidade de encontrar "soluções" como "postos de vacinação massiva, alargar os períodos aos fins de semana ou usar outros agentes que possam vacinar, como por exemplo as farmácias".

O vice-almirante que quer chegar ao período de maior capacidade de vacinação "sem improvisações", assegurou ainda que a 'task force' da vacinação continuará a "fechar a norma" para impedir mais casos de vacinação abusiva.

Reconheceu que os usos indevidos "minam a confiança", mas os casos "não têm significado estatístico".

"Qualquer caso é mau", afirmou Gouveia e Melo. Referindo-se a quem abusa "de uma situação de privilégio" para passar à frente nas prioridades do plano de vacinação, acrescentou:" É criticável, condenável e não deve fazer isso".

"Vamos fazer tudo para garantir que isso não aconteça", garantiu o coordenador, enfatizando que é preciso ter em conta, no entanto, a proporção dos casos. "Em cada mil vacinas administradas houve uma que não cumpriu com as regras".

Em Portugal já foram recebidas 503 mil vacinas, 43 mil das quais foram para a Madeira e para os Açores e 460 mil ficaram no continente.

Destas 460 mil que estão no continente, já foram administradas 400 mil vacinas, estando em reserva 60 mil.

atualizado às 00.01

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