O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, quer encerrar o seu ciclo político à frente dos destinos do terceiro maior concelho do país com as contas em dia. O autarca, que está a pouco mais de nove meses do fim do terceiro mandato (e por isso impedido de voltar a candidatar-se), revelou ontem que Gaia tem atualmente uma dívida da ordem dos 71 milhões de euros, depois do pagamento de 210 milhões de passivo. Foi “uma redução da dívida significativa”, disse, face aos 300 milhões que encontrou quando assumiu os destinos do município. Na apresentação da proposta de orçamento para 2025, Eduardo Vítor Rodrigues sublinhou que nestes onze anos como presidente “a primeira metade do ciclo foi para pagamentos e só a segunda metade é que foi de gestão”..A proposta de orçamento do autarca socialista para 2025 ascende a 285 milhões de euros, um aumento de 5% (ou 13 milhões) face ao que está atualmente em vigor, e um valor só suplantado em 2023 devido a receita obtida via financiamentos. Eduardo Vítor Rodrigues aproveitou para frisar que a taxa de execução do orçamento em Gaia é da ordem dos 90%. “Não estamos aqui a fazer corridas para ter orçamentos elevados”, sublinhou o autarca, que recentemente recorreu para o Tribunal Constitucional da decisão da Relação do Porto que manteve a condenação de perda de mandato, por uso indevido de um carro do município. .Segundo o dirigente socialista, as grandes prioridades para este último ano de mandato são a habitação e a mobilidade. E lembrou que a gestão autárquica não se faz por ano - e, nesse sentido, os planos deveriam ser plurianuais..O orçamento será em larga escala financiado pelos impostos diretos. Entre IMI, IMT, Derrama e UIC, a Câmara de Gaia prevê atingir receitas de 104,1 milhões. A taxa turística irá também contribuir, até porque está a subir, mas não foi revelada a evolução. Há ainda uma verba de 73,5 milhões proveniente do Orçamento do Estado e de transferências comunitárias. No total, as receitas correntes previstas somam 199 milhões de euros. As receitas de capital totalizam 84 milhões e há ainda dois milhões provenientes de outras fontes..No capítulo das despesas correntes, os encargos com pessoal vão absorver a maior fatia, 87,1 milhões, um valor que tem sido reforçado devido à descentralização (já consolidada) dos recursos humanos afetos aos centros de saúde e às escolas do 1º ciclo. A verba para aquisição de bens e serviços está prevista atingir os 65,3 milhões, onde se incluem as refeições escolares (10,9 milhões)..Já as despesas de capital vão absorver 100 milhões de euros segundo a proposta do orçamento para 2025. A maior fatia destina-se à habitação. Neste campo, estão inscritos 13,6 milhões para responder ao programa 1º Direito. Segundo adiantou o autarca, o concelho tem 1200 agregados candidatos a casas neste programa, pensado para resolver graves carências habitacionais. A autarquia prevê para já a aquisição de 387 fogos para arrendamento acessível, a forma que encontrou para responder com celeridade ao problema. Esta aquisição exigirá um adicional de 62,6 milhões em 2026..Embora não esteja vertido nesta proposta de orçamento, Eduardo Vítor Rodrigues lembrou que a autarquia lançou no mês passado um edital para a construção de dois mil fogos a custos controlados para jovens até aos 35 anos. Neste caso, Gaia vai prescindir das receitas com a venda de terrenos e dos impostos relacionados para “disponibilizar casas para venda a custos mais acessíveis do que o mercado”. Nas contas do edil, um T2 poderá custar 160 mil euros neste regime. Esta aposta justifica-se porque “em muitos casos o arrendamento não é a solução, pode ser mais caro do que a compra”, disse..Das quatro linhas base da proposta do orçamento destaca-se a área social (educação, saúde, ação social, habitação, serviços culturais, recreativos e religiosos), com uma verba de 114 milhões de euros. Para além da despesa já referida com a habitação, orçamenta a construção de creches, reabilitação e edificação de escolas, o lançamento do Centro de Apoio Ocupacional de Canidelo, entre outras. As funções gerais (serviços de administração e segurança) têm prevista uma verba de 42 milhões, as económicas (transportes e comunicações, turismo e outras) recebem 22 milhões. Há ainda 17 milhões para matérias como amortização de empréstimos e transferências para as freguesias.