França quer colocar travão à moda de hotéis e restaurantes "sem crianças"
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França quer colocar travão à moda de hotéis e restaurantes "sem crianças"

Alta comissária para a infância diz que excluir crianças viola os seus direitos, pressiona os pais e fragmenta a sociedade
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É uma tendência crescente. Hotéis e restaurantes "children free", só para adultos, sem o incómodo do barulho das crianças, é um segmento que ganha expressão em vários países. Mas levanta polémica e debate também, sobre os direitos de crianças e famílias. Em França, as autoridades estão mesmo a considerar medidas para proibir que hotéis e restaurantes adotem políticas de admissão "apenas para adultos", numa tentativa de combater a exclusão de menores neste tipo de estabelecimentos.

A alta comissária para a infância, Sarah El Hairy, alertou esta semana, numa reunião promovida pelo governo francês, que a estratégia de "sem crianças" adotadas por vários estabelecimentos está a dividir a sociedade. Apesar de Paris ser reconhecida como uma das cidades mais amigáveis para crianças, há um número crescente de locais em França a restringir a presença de menores, para proporcionar aos clientes adultos ambientes controlados, livres de comportamentos imprevisíveis e barulhos.

A senadora socialista Laurence Rossignol apresentou mesmo um projeto de lei para tornar ilegal a exclusão de crianças em estabelecimentos. "As crianças não são um incómodo", afirmou à agência AFP, destacando que a proposta visa promover "uma sociedade aberta às crianças".

A comissária El Hairy reforçou que excluir crianças viola os seus direitos, pressiona os pais e fragmenta a sociedade. "Há uma intolerância crescente, e não podemos permitir que ela se instale", disse à emissora RTL.

Atualmente, os serviços exclusivos para adultos representam cerca de 3% do mercado turístico francês, segundo estimativas de um sindicato do setor.

A Federação Francesa de Creches já pediu aos legisladores que garantam o direito das crianças de "fazer barulho". Um relatório apresentado ao presidente Emmanuel Macron em 2024 também destacou a necessidade de reduzir o tempo de ecrã das crianças e assegurar o seu "lugar legítimo" na sociedade, incluindo o direito de serem barulhentas.

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