Estratégias foram definidas no encontro deste sábado.
Estratégias foram definidas no encontro deste sábado.Amanda Lima / DN

Fim da manifestação de interesse: associações vão exigir encontro com Montenegro

Encontro realizado este sábado definiu uma série de iniciativas para tentar reverter a medida do Governo. Uma delas será recuperar arquivos em foto, vídeo e texto de atos realizados com causa semelhante há 20 anos.
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As associações de imigrantes e representantes da sociedade civil não vão desistir de um encontro com Luís Montenegro. Reunido este sábado à tarde, o grupo votou sobre participar ou não de um encontro proposto com secretários de Estado adjuntos no dia 14 de agosto. A decisão, por maioria, foi de comparecer, com a exigência que já esteja marcada uma data para uma audiência com o primeiro-ministro.

Outras várias estratégias foram definidas no encontro das associações, que durou quase três horas, um grupo com 53 entidades quando no início eram 47. O objetivo é reunir ainda mais apoio. Ficou acordado que é necessário ter a participação de entidades e da sociedade civil portuguesa. Alguns participantes relembraram que nas manifestações de rua realizadas no início dos anos 2000 em prol dos imigrantes houve mobilização de toda a sociedade.

Inclusive, outra estratégia definida foi a de reunir arquivos de fotos, vídeos e textos sobre os atos realizados na altura, como os que ocorreram em frente ao Parlamento e na avenida António Augusto Aguiar, onde funcionava o antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). 

O objetivo é mostrar o material para “relembrar a mobilização do povo”, porque, segundo os representantes, “é um filme que se repete”. Está a ser estudada a possibilidade de criar páginas nas redes sociais para dar visibilidade ao trabalho dos voluntários. Desde o anúncio do fim das manifestações de interesse, no início de julho, as associações reuniram-se para realizar uma série de ações procurando reverter a medida.

Uma das estratégias em cima da mesa é a realização de um ato de rua - que reuniu o apoio dos presentes. O que falta definir é a data, uma vez que já estão programados dois protestos de rua em Lisboa no mês de setembro. Um deles será de apoio a Cláudia Simões, vítima de violência policial e recentemente condenada a oito meses de pena suspensa por um crime de ofenda à integridade física e qualificada. A segunda manifestação é a Casa para Todos, organizada pelo movimento Vida Justa.

A data do ato será definida no próximo encontro, em agosto. Na reunião de ontem ficou organizado um grupo de trabalho para dar apoio aos coordenadores. O objetivo é dividir as várias tarefas planeadas.

Apoio dos partidos

Com o Parlamento encerrado para as férias de verão, o grupo não pensa em pausar as atividades. Sem as portas da Assembleia da República abertas, uma alternativa proposta é tentar reuniões com os partidos políticos, sendo que algumas já aconteceram. “Temos de levar até eles exemplos do que está acontecendo, para se aperceberem das consequências [do fim das manifestações de interesse]”, disse Flora Silva, da associação Olho Vivo. 

O grupo tem em mente que o apoio de todos é importante, com exceção do Chega. Além das ações já detalhadas, a principal esperança das associações está nas votações do Parlamento, seja no decreto de apreciação parlamentar proposto pelo PS ou em outros projetos de lei que venham a discutir a matéria da imigração. 

Por fim, as associações recusam que as medidas possam favorecer algumas nacionalidades em detrimento de outras, como deram a entender as declarações de Montenegro em Angola sobre as “portas abertas” para os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). No encontro de ontem estiveram representantes de comunidades como a bengali, com um gesto de apoio aos protestos de estudantes no Bangladesh contra o fim do sistema de quotas para acesso ao emprego público.

amanda.lima@dn.pt

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