Filas e esperas na vacinação vão continuar durante duas semanas

Longas filas e duas a três horas de espera estão a marcar esta fase do processo de vacinação. Os utentes queixam-se. O governo admite "condições incómodas" e pede paciência.
Publicado a
Atualizado a

Desde segunda-feira que o cenário se repete em todos os centros de vacinação na área da Grande Lisboa. De Oeiras ao Seixal ou até Vila Franca de Xira e passando pela capital, há filas enormes, de duas a três horas de espera, com utentes de várias idades à espera de serem vacinados. Desatentos ou não, há quem diga ter sido surpreendido com a situação, mas que aceita, outros até estavam informados de que tal poderia acontecer mas acham "inaceitável".

O primeiro-ministro, António Costa, já veio admitir a existência de "condições mais incómodas" durante estas duas semanas, mas pede aos portugueses paciência, porque tal deve-se ao esforço que está a ser feito para "enfrentar esta difícil pandemia, estamos mesmo a enfrentar uma quarta vaga e não podemos relaxar. A situação exige que aceleremos o processo de vacinação e vai ser feito um esforço muito grande nas próximas duas semanas, com condições que serão mais incómodas para quem se vacina, mas que reforçará a segurança de todos e particularmente aqueles que vão ver mais rapidamente alcançada a segunda dose", declarou ontem, reforçando que o esforço de aceleração da vacinação não permite "qualquer distração" quanto ao comportamento social da população, impondo a manutenção das regras de higiene e afastamento físico. "É uma luta que ainda não terminou, é uma luta que tem de continuar e que temos de a travar", afirmou.

O que se passa agora nos vários centros de vacinação, e se deve prolongar até à próxima semana, tem a ver com o facto de Portugal ter recebido agora uma tranche de maior número de vacinas e de se estar a tentar também vacinar o maior número de pessoas.

Aliás, prevendo que tais "situações indesejadas" de grandes filas e muita espera pudessem ocorrer, a task force divulgou no fim de semana um comunicado a alertar a população, explicando que se estava a tentar conjugar várias situações ao mesmo tempo e em grande esforço. Um esforço que reunia a tentativa de conjugar a capacidade para vacinar as pessoas convocadas centralmente, convocadas a nível local, as que se autoagendaram e as que corressem à modalidade Casa Aberta. Tudo isto ao mesmo tempo que se iniciava a toma da segunda dose da vacina da AstraZeneca, sem marcação, e porque esta foi antecipada pela DGS.

"Este aumento de intensidade no número de vacinações, que visa reforçar a proteção da população o quanto antes, pode gerar momentos de espera e indesejados e a eventual formação mais generalizada de filas nos centros de vacinação, não obstante os esforços que serão tomados para minimizar essas situações", refere o comunicado. Mais tarde o coordenador da task force, vice-almirante Gouveia e Melo, admitia que estas semanas seriam decisivas nesta corrida da vacinação contra a covid-19, apelando à compreensão, tolerância e colaboração dos utentes.

Fonte da task force argumentou ao DN que "as estruturas estão a ser aproveitadas ao limite, mas esperamos conseguir vacinar 850 mil pessoas por semana". Só na segunda-feira, foram vacinadas 141 500 pessoas, e ontem este número deverá ter sido repetido, e será assim durante os próximos dias.

Mas enquanto nos grandes centros urbanos, e sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo, o cenário tem sido caótico, outros centro noutras partes do país acabam por encerrar por falta de procura. Segundo noticiava a Agência Lusa, o centro de vacinação de Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, esteve fechado no dia de ontem por falta de utentes, confirmou fonte da Unidade Local de Saúde do Alto Minho. A mesma fonte contou que para ontem havia apenas dois autoagendamentos, que foram remarcados para sábado "por uma questão de gestão dos recursos humanos".

Recorde-se que nesta semana arrancou a vacinação sem marcação para as pessoas com 45 ou mais anos e o autoagendamento para as pessoas com 27 e mais anos. Em Lisboa, a faixa etária dos 30 anos começou a ser agendada para o final desta semana, enquanto em outras regiões do país a faixa etária dos 18 aos 29 já começou a ser protegida. É o tudo por tudo para se alcançar a imunidade de grupo e com os especialistas a pedir que se cumpram as regras de proteção, uso de máscara, distanciamento e higienização.

anamafaldainacio@dn.pt

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt