Estudo recomenda maior espaçamento entre vacinas a adultos

Maior espaço de tempo entre vacinas para doenças como o tétano pode evitar efeitos efeitos contrários. Recomendação é de um estudo do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), do Porto
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Um estudo do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), do Porto, recomenda maiores intervalos de tempo entre reforços vacinais de adultos, de forma a combater doenças como o tétano ou a difteria, com menos efeitos adversos.

Em declarações à Lusa, o coordenador do projeto e investigador do ICBAS, Guilherme Gonçalves explicou que "quanto menos vacinas forem administradas, menor probabilidade de efeitos secundários, pouco graves mas aborrecidos, como a dor, o inchaço local e a vermelhidão"

Esta é uma das recomendações do estudo, presentes no novo Programa Nacional de Vacinação (PVN), em vigor a partir de 2017, no qual participaram também o investigador do ICBAS João Frade e cientistas do Instituto Ricardo Jorge e da Faculdade de Medicina de Coimbra.

O estudo foi realizado com recurso à análise de dados de 88 mulheres, com idade média de 58 anos.

O coordenador do projeto explicou que a decisão de não incluir homens no estudo se deve ao facto de estes, "em muitos estudos do género", apresentarem mais anticorpos contra o tétano que as mulheres, por terem ido à tropa, "onde eram vacinados e não havia registos".

Através deste estudo "foi obtida evidência científica adequada à adoção de medidas na população portuguesa", que vão ao encontro dos dados resultantes de outros estudos internacionais, "o que é relevante para a fundamentação de medidas de promoção da saúde pública"

O mesmo deu origem a um artigo, intitulado "Levels of diphtheria and tetanus specific IgG of Portuguese adult women, before and after vaccination with adult type Td. Duration of immunity following vaccination", publicado na revista internacional BMC Public Health, onde é descrita à análise feita aos dados de vacinação de mulheres portuguesas adultas, nascidas antes e depois de iniciado o PNV (1965), resultando em recomendações diferentes para umas e outras.

"Antes de 1965 já havia vacinação, mas depois dessa data o programa tornou-se sustentável e ativo. Quem nasceu antes desse período podia ter falhas na vacinação. Para quem nasceu depois, as coberturas são excelentes, daí as diferenças nas recomendações", explicou o Guilherme Gonçalves.

Segundo informação do ICBAS, "entre as mudanças anunciadas em junho pelo Diretor-geral da Saúde, inclui-se ainda a introdução de novas vacinas mais modernas, mudanças na utilização de vacinas já em uso e alterações ao anterior calendário vacinal, onde se verificava um maior espaçamento entre as doses de reforço da vacina contra o tétano, administrada a adultos".

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