ESA dá o módulo Schiaparelli como perdido
A Agência Espacial Europeia (ESA) confirmou esta sexta-feira que o módulo Schiaparelli não sobreviveu à descida e aterragem em Marte. A sonda tentou aterrar no planeta vermelho na quarta-feira, mas a ESA não conseguiu estabelecer contacto.
Segundo um comunicado da ESA, o Mars Reconnaissance Orbiter, da NASA, identificou sinais na superfície do planeta vermelho que os cientistas acreditam estar ligados à entrada do Schiaparelli, incluindo sinais de um impacto que não estava planeado, a mais de 300 km/h.
Também é possível que o módulo tenha explodido com o impacto, já que os tanques dos propulsores ainda estava cheios.
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O mergulho do módulo Schiaparelli na fina atmosfera marciana, na tarde de quarta-feira, foi seguido a par e passo pelo Giant Metrewave Radio Telescope (GMRT), um radiotelescópio instalado na Índia, e pela sonda europeia Mars Express, e a análise desses dados já mostrou que pelo menos dois passos, quase no final da manobra, não correram como esperado.
Sabe-se que o paraquedas abriu no momento certo para travar a descida, mas que se soltou do engenho uns segundos antes do previsto. No entanto, o mais catastrófico terá sido o facto de os foguetes, que deveriam ter funcionado durante 50 segundos seguidos, para reduzir a velocidade quase a zeros, só funcionaram durante três segundos. Ou seja, a velocidade não diminuiu o suficiente para o aparelho pousar em segurança.
O facto de o sinal se ter perdido um minuto antes do final da manobra é outro indicador de que ele se terá despenhado de uma altitude a de dois a quatro a quilómetros, a uma velocidade de cerca de 300 km por hora, segundo a ESA. O mais provável, portanto, é que tenha explodido, e isso explicaria, de resto, a grande dimensão do objeto fotografado pela Mars Reconnaissance Orbiter.
Com este desfecho, a ESA volta a falhar pela segunda vez uma aterragem em Marte, depois de o Beagle 2 se ter despenhado ali também em 2003, no âmbito da missão Mars Express. Agora, como então, as sondas orbitais das respetivas missões, a Mars Express, que ainda continua em funcionamento, e agora a TGO (de Trace Gas Orbiter), entraram sem problemas na órbita do planeta.
A perda do Schiaparelli compromete um dos objetivos essenciais desta primeira fase da missão ExoMars, que era justamente o de demonstrar que a aterragem em Marte pode ser feita em segurança com a atual tecnologia europeia. Pelos vistos ainda não foi desta.
A ESA não se pronunciou ainda sobre as consequências deste fracasso para a segunda fase da missão, que prevê fazer descer em Marte, em 2020, um robô móvel para procurar vida no subsolo, mas é bem possível que tudo tenha que ser recalendarizado a partir daqui.
A análise dos dados da descida do Schiaparelli ainda não terminou. Durante a arriscada manobra, a sonda TGO também recebeu toda a telemetria durante os quase seis minutos que ela durou e a ESA ainda está a estudar essa informação. Ali acredita-se que, mesmo com este desfecho, os dados vão servir, não só para perceber exatamente o que causou a queda da sonda, mas também para melhorar a performance na próxima tentativa de aterrar em Marte.