Nova ala pediátrica do S. João prova que é possível "fazer acontecer os sonhos"
O primeiro-ministro afirmou este sábado que a nova ala pediátrica do Hospital de São João é prova de que, apesar da pandemia, é possível "fazer acontecer os sonhos", dizendo que a sua concretização motiva a resolução de outros problemas.
"O mais difícil, seguramente, foi fazer e garantir que os sonhos não morriam com a covid-19. O sonho de termos esta ala é um sonho que tem mais de 10 anos, houve muitas oportunidades de poder ser resolvida, mas a verdade é que foi preciso fazer acontecer esse sonho porque os sonhos ou acabam quando acordamos ou se transformam em realidade", afirmou António Costa.
A nova ala pediátrica do Hospital de São João, no Porto, para onde já foram transferidas 21 crianças, foi inaugurada hoje, depois de o serviço ter funcionado 10 anos em contentores "indignos" e de dois anos de obras.
Na inauguração na nova ala pediatria do Hospital de São João, o primeiro-ministro salientou que a aquele espaço é a prova de que foi possível "fazer acontecer esse sonho", apesar da pandemia da covid-19.
"Houve um Conselho de Administração que, seguramente, assoberbado com uma enorme pressão daquilo que foi o acréscimo de serviço que a pandemia impôs a todos os profissionais e instituições conseguiu encontrar uma vigésima quinta hora no seu dia para continuar a fazer esta obra andar", salientou.
Considerando a obra "exemplar", António Costa disse ser preciso sair da mesma com a confiança de que "nos momentos mais negros e difíceis, há sempre um caminho onde é possível desde que haja vontade para o fazer".
"Estamos aqui hoje porque não paramos, mas temos de sair daqui hoje com a convicção de que não podemos parar porque este problema foi resolvido, mas infelizmente há outros problemas que continuam a ter a necessidade de serem resolvidos", observou.
O primeiro-ministro disse também, a propósito da proposta de alteração aprovada ao Orçamento do Estado para 2019 para prever o ajuste direto para a construção da nova ala, ser preciso "refletir", considerando que a mesma foi "um bom caso prático".
"Desta vez, não houve contencioso, não houve providências cautelares a parar a obra. Foi mesmo um trabalho para engenheiros e operários civis e não para juristas e essa é uma lição muito importante que todos devemos reter", disse, lembrando ser preciso garantir aos cidadãos que os impostos que pagam são "geridos com transparência, rigor e produzem resultados".
"Um dos resultados dos impostos que pagaram estão aqui, nos 25 milhões de euros, que estão nesta ala pediátrica", acrescentou.
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse este sábado esperar que a "perseverança e união" que permitiram a construção da nova ala pediátrica do Hospital de São João, no Porto, sejam replicadas noutros locais do Serviço Nacional de Saúde.
"Se conseguirmos garantir estes dois ingredientes, união e perseverança, naturalmente conseguiremos replicar em outros locais onde tanto precisamos de soluções semelhantes a esta como no novo hospital central do Alentejo, no hospital de Lisboa oriental ou na maternidade da cidade de Coimbra", afirmou Marta Temido.
Na inauguração da nova ala pediátrica do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, a ministra destacou duas lições a reter: a da união e a da perseverança.
"São estas duas lições que me parecem essenciais para o muito que temos para fazer no Serviço Nacional de Saúde (SNS)", observou.
Considerando que a inauguração daquela estrutura representa "um dia feliz para o SNS, um dia feliz para os profissionais de saúde e um dia especialmente feliz para as crianças", Marta Temido disse não existir "maior satisfação" do que a sociedade se organizar para responder às necessidades dos "mais frágeis e vulneráveis e que são o futuro de todos", as crianças.
"Desde antes da primeira pedra, foi em março de 2015, até ao dia 16 de novembro, em que a primeira menina foi tratada nestas instalações, passaram muitos anos, muitos meses, semanas e dias na vida de todos nós", disse, lembrando que a aquele espaço resulta da capacidade e esforço "de muitos".
"Se foram capazes de fazer aparecer o novo hospital, se foi possível que este projeto tenha passado ao longo de vários conselhos de administração, ministros e secretários de Estado é porque de facto há essa capacidade das instituições apoiarem e continuarem a manifestar-se e trabalharem por projetos bons que por vezes não aparecem tão depressa como gostaríamos", acrescentou.
Na inauguração da nova ala estiveram também presentes o primeiro-ministro, António Costa, o presidente do Conselho de Administração do CHUSJ, Fernando Araújo, vários presidentes de câmaras, como o da Câmara do Porto, Rui Moreira, o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, e o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar.
O presidente do Conselho de Administração do CHUSJ, Fernando Araújo, afirmou que, após mais de uma década, este é o "realizar de um sonho".
"É possível o SNS se reconstruir com projetos mais arrojados", observou, dizendo que na próxima semana, naquela ala pediátrica, se vão iniciar as cirurgias no bloco operatório.
"Esta foi uma obra feita com o coração", realçou, lembrando que naquela ala todos trabalham para fazer acreditar que "o dia de amanhã será um dia melhor".
Também o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse que a inauguração daquela ala é "o realizar de um sonho", dando os parabéns aos pais, crianças e aos que trabalharam na construção do novo espaço por, durante a pandemia, não terem parado.
A empreitada da nova ala pediátrica do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ), no Porto, arrancou em 01 de outubro de 2019 e para trás deixou 10 anos de um internamento pediátrico feito em contentores "indignos e desumanos".
O "Joãozinho" nasceu em 2009 e em 03 de março de 2015 foi lançada a primeira pedra da obra pelo então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
A empreitada, então com um prazo de construção de dois anos, estava orçada em cerca de 25 milhões de euros e seria financiada por fundos privados, angariados através da associação humanitária "Um Lugar Pró Joãozinho" que doaria a obra ao centro hospitalar.
A nova ala pediátrica, cuja empreitada ficou a cargo da empresa Casais - Engenharia e Construção, está integrada em cinco pisos do edifício principal do hospital e conta com 13 mil metros quadrados.
Com capacidade para 100 camas e 700 colaboradores, a ala tem blocos operatórios, unidades de cuidados intensivos neonatais e a primeira unidade de queimados pediátricos do país.
Somam-se também valências como a cardiologia pediátrica, cirurgia cardíaca e de intervenção, oncologia pediátrica, grande trauma e resposta a doentes neurocríticos.
O espaço conta ainda com uma área lúdica, a Sala de Brincar Ronald McDonald.
Em funcionamento desde o dia 16 de novembro, a nova ala pediatria do Hospital de São João recebeu já as primeiras 21 crianças e os seus familiares.
A primeira utente a dar entrada naquela estrutura, que de promessa antiga e sonho se tornou realidade, foi uma bebé de um mês.