A propósito do Dia Internacional de Sensibilização para a Overdose, que se assinala este sábado, dia 31, várias associações e ativistas alertam para o aumento no número de mortes por overdose e pedem medidas preventivas mais eficazes no controlo de danos relacionados com o consumo de droga..Sob o mote Together We Can, as associações marcam, ainda, a data com uma carta aberta, dirigida à ministra da Saúde, ao ministro de Estado e das Finanças e à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, bem como a outras entidades, desde a Santa Casa ao ICAD e aos presidentes de câmara da área metropolitana de Lisboa..Ao DN, Maria Luísa Salazar, assistente social e co-coordenadora do GAT (Grupo de Ativistas em Tratamentos) in Mouraria, avança: “É importante assinalar este dia, porque o consumo de substâncias que não são reguladas no mercado acaba por colocar as pessoas que estão mais marginalizadas em risco.”.A ativista adverte: “Estas pessoas, muitas vezes, não sabem o que estão a consumir ou se são substâncias que têm adulterantes, ficando assim ainda mais expostas ao risco de overdose. Estas mortes são evitáveis, se criarmos políticas públicas e de saúde.” Por isso, exemplifica: “Precisamos de começar a pensar em soluções que sejam efetivamente pragmáticas, porque o proibicionismo não as tem trazido. Há casos internacionais de prescrição de heroína medicalizada, como já acontece nos Países Baixos ou na Suíça, a que as pessoas que têm dependência podem recorrer. Quando a pessoa deixa de tomar a substância, e falamos também no álcool, de forma repentina, há risco de saúde e de vida.”.Maria Luísa Salazar remete o DN para a carta aberta. “Advogamos que nos últimos anos tem-se registado um aumento no número de overdoses em Portugal, e também em todo o mundo. Acreditamos que através de um investimento nas políticas de drogas e redução de danos, é possível fazer uma maior sensibilização e prevenir estas mortes. Por um lado através da distribuição de naloxona [antagonista opioide], mas também com maior aposta no serviço de drug cheking [teste às drogas] e um reinvestimento na política de redução de danos.”.A overdose é um risco tanto nos consumos injetados, como nos fumados ou inalados. “Há um risco maior em quem injeta, porque introduz diretamente a droga na corrente sanguínea. Mas esse risco também existe quando a droga é fumada, quer seja heroína ou cocaína, ou inalada”, explica Maria Luísa Salazar..Os últimos dados disponíveis, de 2022, apontam para 69 mortes por overdose em Portugal. As estimativas indicam, também, “um acréscimo dos consumidores de cocaína, incluindo cocaína-crack por via fumada, e um aumento do consumo de benzodiazepinas, especialmente em populações mais vulneráveis.”