Há um "comboio de ambulâncias" no Hospital Santa Maria
Um "comboio de ambulâncias". É assim que o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte descreve o cenário na zona adjacente ao Hospital de Santa Maria, onde se acumulam as ambulâncias com doentes que esperam ser atendidos. De acordo com o responsável, esta situação deve-se ao encerramento dos serviços de urgência noutros hospitais, o que leva a que doentes de áreas de outros hospitais acorram ao Santa Maria.
"Esta procura é muito agravada não só pelo volume de infeção que temos no país como também pelo encerramento de urgências noutros hospitais, enquanto esta urgência fica aberta, pelo que há doentes que vêm de áreas de outros hospitais. Como esta urgência fica aberta, há este comboio de ambulâncias. Todos os casos vão ser atendidos, ninguém vai deixar de ser atendido. Quem precisar de ser internado vai ser internado. Quem precisar de cuidados intensivos ficará em cuidados intensivos", explicou Daniel Ferro à SIC Notícias.
De acordo com o responsável, o "hospital estava dimensionado para 6000 casos e depois teve de ser adaptado para 10 mil casos e agora temos de nos adaptar para 14 mil casos". "Isso demora. Esta urgência vai ser ampliada, mas essa ampliação só vai estar disponível dentro de uma semana. Espaço que existe está todo aproveitado ao máximo. Com esta influência e grau de infeção, tudo é falível", admitiu.
Daniel Ferro explica que o hospital tem procurado "amenizar" o elevado tempo de espera, com as equipas médicas a dirigirem-se às ambulâncias "no sentido de prevenir algum caso que não possa esperar tanto tempo". "O nosso sistema não está preparado para uma situação deste tipo", lamentou.
A diretora dos serviços de urgência, Anabela Oliveira, deu conta de que a sua "urgência está entupida" e que os métodos utilizados pelas equipas médicas estão próximos da chamada medicina de catástrofe. "A minha urgência está entupida. Vou dar toda a prioridade aos doentes graves. Temos tido uma afluência que vai aumentar todos os dias nas próximas duas semanas com doentes graves e muito graves. Ninguém está preparado para fazer este tipo de triagem. Estamos numa medicina muito próxima da medicina de catástrofe", confessou.