Ministra Margarida Balseiro Lopes visita o Espaço Julia, em Lisboa.
Ministra Margarida Balseiro Lopes visita o Espaço Julia, em Lisboa.Líbia Florentino

Combate à violência doméstica “é prioridade para o Governo”, mas casos de mulheres estrangeiras têm crescido

Ministra Margarida Balseiro Lopes visitou o Espaço Júlia, pelos 10 anos de atividade deste local, e revelou que 52% das vítimas numa única casa abrigo são cidadãs imigrantes
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O número de vítimas de violência doméstica tem crescido entre cidadãs estrangeiras em Portugal. A revelação foi feita pela ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, que visitou, na manhã desta quarta-feira (8), o Espaço Júlia.

Temos sentido isso [aumento] nas casas abrigo e nas respostas de emergência. Só numa das casas que visitei, 52% eram estrangeiras”, disse a ministra.

“O que depois traz um conjunto de desafios. Um dos desafios, e que foi identificado aqui no Espaço Júlia, tem a ver com o tema da língua. Porque há muitas destas cidadãs que ainda não falam português e isto é um desafio acrescido para quem tem que acolher e dar resposta a estas pessoas”, explicou Balseiro Lopes.

Ministra Margarida Balseiro Lopes visita o Espaço Julia, em Lisboa.
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A declaração recebeu concordância dos profissionais que atuam no Espaço Júlia, que confirmaram a mesma tendência entre os atendimentos feitos no local. Gerir os atendimentos nesta situações passa por encontrar alternativas à língua. “Tentamos com a linha de apoio do CNAI, às vezes agentes da esquadra da Polícia do Turismo”, explicou a coordenadora técnica do espaço, Inês Carrol.

Espaço pioneiro

O Espaço Júlia nasceu há 10 anos e é a única unidade multidisciplinar para atendimento de vítimas de violência doméstica em Portugal. Funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, com uma equipe de 10 agentes da Polícia de Segurança Pública, com formação especial no segmento, e dois técnicos de apoio à vítima.

A ideia nasceu do trabalho de acompanhamento de vítimas que a freguesia de Santo António já fazia na altura. “A Inês procurou-me a falar da Convenção de Istambul, da porta que ela abriu para uma autarquia local poder trabalhar nesta matéria. A PSP desde a primeira hora entrou no barco, eu subi a rua e vim ter ao Hospital dos Capuchos falar à Direção. Tive 15 minutos de conversa, meia hora depois tinha o sítio”, conta o presidente da Junta de freguesia, Vasco Morgado.

A unidade funciona no que era uma antiga agência do BES na Alameda Santo António dos Capuchos, no complexo do hospital. Depois das obras para adequação, passou a ter três gabinetes, uma casa de banho, uma copa e uma pequena sala. Há dez anos, o orçamento da freguesia destinado ao Espaço era de cerca de 25 mil euros. Hoje, ronda os 50 mil.

“Infelizmente isto é um sucesso, mas só será bom quando deixar de ser necessário e fechar. Sei que é utópico, mas há uma esperança” disse Vasco Morgado, que confirma cerca de oito mil atendimentos ao longo desta década de atividade.

Fechar não está nos planos, antes pelo contrário. O Governo pretende replicar o modelo do Espaço Júlia no país, para atender ao que, segundo a ministra Margarida Balseiro Lopes, “é uma prioridade, o combate a violência doméstica”.

“Para conseguirmos ser bem sucedidos nesse combate temos que dar uma resposta condigna às vítimas. O Espaço Júlia tem a vantagem de ter a resposta da Saúde, das Forças de Segurança, das técnicas de apoio à vítima que receberam formação, portanto nosso objetivo é, em primeiro lugar, reconhecer a importância deste tipo de espaços e o trabalho que ao longo dos anos aqui é realizado e, em segundo lugar, poder replicar este bom exemplo”, afirmou.

Se está a ser vítima de violência, pode contactar o Espaço Júlia pelo número 210 179 288 (Chamada para a rede fixa nacional) ou pelo e-mail
espacojulia@jfsantoantonio.pt.

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