Uma das criações de Chanel e o mítico frasco de perfume, criado por Dalí.
Uma das criações de Chanel e o mítico frasco de perfume, criado por Dalí.Leonardo Negrão / Global Imagens

Coco Chanel. A musa e a mecenas

O percurso e a história da criadora de moda francesa estão evidenciadas na exposição patente em Cascais. Mas as peças de roupa e acessórios, juntamente com obras de arte e fotografias, mostram-nos uma outra faceta de Coco Chanel.
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Peças de roupa, sapatos e malas, mas também fotografias e obras de arte contam-nos a história e trajetória da criadora de moda francesa Coco Chanel na exposição agora patente no Centro Cultural de Cascais. Coco Chanel, Além da Moda mostra-nos ainda uma das facetas menos conhecidas desta figura: a de mecenas e musa de artistas que eram seus contemporâneos.

“Para além do seu brilhante trabalho como revolucionária das tendências estéticas, este é um aspeto cuja importância é indiscutível e que a relaciona diretamente com o desenvolvimento das vanguardas do século XX”, repara a curadora Maria Toral. “Ela não foi apenas mecenas, mas foi também uma musa e, o que é ainda mais importante, tornou-se uma figura-chave na transformação do que estava formalmente estabelecido até então, transcendendo as fronteiras da moda”, acrescenta a doutorada em Belas Artes espanhola.

A exposição inclui fotografias pessoais de Coco Chanel, imagens de vultos como André Kertesz, Man Ray e François Kollar - incluindo alguns dos retratos mais icónicos da criadora e cenas do seu apartamento no Hotel Ritz de Paris -, mas também obras de alguns dos artistas com quem partilhou paixões, interesses e inspirações na Paris das primeiras décadas do século passado, nomeadamente de Salvador Dalí (que desenhou o frasco do perfume Chanel n.º 5), esculturas de Apel·les Fenosa, pinturas de Tamara de Lempicka, Óscar Domínguez e Josep María Sert, e litografias e águas-tintas de Pablo Picasso.

“Chanel soube aproveitar todas as fontes em seu redor e interagiu intensamente com os mais destacados criadores e intelectuais do seu tempo”, observa Maria Toral.

A exposição integra ainda uma secção sobre a moda da época, com referências a nomes como Elsa Schiaparelli e Madeleine Vionnet, sendo pontuada por peças de vestuário da Maison Chanel, como os clássicos sapatos bicolores de salto raso, malas com alças de corrente (uma inovação introduzida por Coco Chanel), vestidos, conjuntos de tailleurs  e saias e casacos de tweed. São, segundo a Fundação D. Luís I, peças das últimas décadas que ilustram perfeitamente o estilo criado por Coco Chanel e que evidenciam o apelo intemporal e a influência duradoura do império que construiu.

Coco Chanel é um dos nomes mais importantes da História da Moda, continuando a influenciar a maneira como esta é pensada e como se vestem as mulheres. Nascida em 1883, em Saumur, França, começou por trabalhar como costureira, na adolescência. Em 1912 abriu uma boutique, em Deauville, e passou as quase 60 décadas seguintes a ditar tendências na Alta-Costura.

Morreu em Paris, em 1971, e as suas criações, “revolucionárias para o seu tempo, inspiraram as mulheres a abandonar os excessos e o desconforto dos espartilhos da moda oitocentista em favor de um novo estilo livre, simples e elegante”.

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