Coca Cola e Fanta vão ter menos açúcar
Grupo Coca-Cola vai reduzir em 12% açúcares nas bebidas. Açucaradas estão a vender menos. Bastonária dos nutricionistas atribui medida ao novo imposto
O grupo Coca-Cola vai reduzir o teor de açúcar nas bebidas nos próximos três anos. Isso significa que a Coca-Cola, Fanta, Nordic Tonic e Aquarius, os seus produtos mais açucarados, passarão a ser menos calóricos, garantiu ao DN Tiago Lima, diretor das relações externas para Portugal. A nutricionista Alexandra Bento considera que esta é uma das consequências da aplicação de impostos aos refrigerantes.
"Além de continuarmos a reduzir o teor de açúcar nas bebidas, temos o objetivo de reduzir em 12% o nível de açúcar nas nossas bebidas até 2020, também com a introdução de novas bebidas sem açúcar ou do crescimento das que já existem sem açúcar", disse ao DN Tiago Santos Lima, diretor de Relações Externas da Coca-Cola Portugal que esteve em Portugal para a apresentação da nova estratégia da multinacional para os países ibéricos. "Temos o dever e a preocupação de atender aos gostos e necessidades dos consumidores ao oferecer mais opções de bebidas, reduzir o teor de açúcar, lançar opções sem açúcar ou sem açúcares adicionados, fornecer informações claras e ter embalagens mais pequenas", justificou.
O grupo comercializa mais de 100 produtos, que vão desde a garrafa de água e Coca Cola Zero (sem adição de açúcares) até à Coca Cola tradicional (111 gramas de açúcar por litro) e Fanta (102 g), sendo as apostas recentes em alternativas não calóricas. Produzem atualmente 28 bebidas sem açúcar adicionado.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
O ano passado, o imposto sobre o álcool e bebidas alcoólicas foi alargado aos refrigerantes, o que Alexandra Bento considera um passo importante para a indústria mudar o seu comportamento. "Está mais que provado que o consumo excessivo de açúcar tem riscos para a saúde e todos sabemos que o consumo de determinados produtos alimentares, designadamente os refrigerantes, são prejudiciais, razão pela qual assistimos à aplicação de uma taxa nestes produtos", explica a bastonária da Ordem dos Nutricionistas. "Além de ter um efeito dissuasor do consumo, leva a que as empresas reduzam o teor de açúcar, o que está à vista nesta medida", acrescentou.
Tiago Lima nega que a redução seja uma resposta direta ao imposto, salientando que alteraram a política empresarial em 2000. "Trata-se de uma nova etapa de uma estratégia de redução de açúcar que temos vindo a desenvolver na última década tendo como principal objetivo responder às necessidades dos consumidores e às tendências de consumo."
O consumo de bebidas da marca com açúcar tem vindo a diminuir no último ano, "o que tem sido compensado com uma transferência para outras bebidas sem açúcar". Estas representaram 21% do total de vendas em setembro, com particular destaque para a Coca-Cola Light e Zero, que significam 28% do mercado da marca Coca-Cola.
É que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que "apenas 10% das calorias diárias devem ser provenientes de açúcares adicionados, o que significa 50 g de açúcar por dia, o equivalente a sete pacotes", sublinha a associação da defesa do consumidor Deco. Indicações para um adulto médio que necessita de duas mil calorias por dia. E, se reduzisse esta quantidade para metade, os benefícios seriam ainda maiores.
Alexandra Bento sublinha que Portugal fica nos lugares cimeiros no que diz respeito à obesidade infantil. "Um terço das nossas crianças têm excesso de peso". As razões são os erros alimentares das famílias portuguesas e a falta de exercício da população.
Segundo a OMS, as crianças portuguesas aproximam o seu consumo de açúcar aos 25 % da energia ingerida diariamente, cinco vezes acima dos 5 % ideais. As que consomem quantidades elevadas de açúcar têm maiores probabilidades de serem obesas e de sofrerem de problemas dentários.
A Coca Cola é líder no mercado das bebidas refrescantes em Portugal, "com um portefólio capaz de oferecer aos consumidores uma alternativa para cada momento e estilo de vida". Planificam o lançamento de novos produto, não referindo quais. O que é seguro é que a aposta será nas bebidas menos calóricas. "Temos um papel ativo para ajudar as pessoas a escolher a sua ingestão de açúcar, dependendo de cada estilo de vida."