Cirurgião anuncia que fez primeiro transplante de cabeça num cadáver
O primeiro transplante de uma cabeça humana foi feito num cadáver na China, numa cirurgia de 18 horas que, segundo o cirurgião responsável, mostrou que é possível voltar a ligar com sucesso a coluna, nervos e vasos sanguíneos.
Em conferência de imprensa em Viena, Áustria, esta sexta-feira, o controverso cirurgião italiano Sergio Canavero, diretor do Turin Advanced Neuromodulation Group, anunciou que uma equipa da universidade de medicina de Harbin, na China, tinha "concretizado o primeiro transplante de cabeça humano" e garantiu que a operação numa pessoa com vida terá lugar de forma iminente. "O primeiro transplante de cabeça humano em cadáveres está feito. Uma troca completa entre dadores de órgãos em morte cerebral será a próxima fase. E este é o passo final para um transplante formal de cabeça, que está iminente".
Canavero ganhou notoriedade por ter anunciado que já tem um primeiro paciente para o transplante de cabeça, um russo, Valery Spiridinov, que aceitou congelar a cabeça para que esta seja depois transplantada para o corpo de um dador. Spiridinov sofre de uma doença degenerativa e, para tentar ganhar qualidade de vida, voluntariou-se para transplantar a cabeça para um corpo saudável.
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O cirurgião não forneceu provas de que tinha realizado o transplante na China, mas garante que estas ficarão disponíveis nos próximos dias e que o artigo científico sobre a operação será divulgado em breve. "Toda a gente disse que era impossível. Mas a cirurgia foi bem-sucedida".
Canavero e a equipa por várias vezes têm anunciado avanços ao nível do transplante de cabeça, reclamando que já o fizeram em ratos e macacos, antes de terem experimentado com humanos. Em 2014, chegou mesmo a apresentar as suas ideias nas conferências TEDx, que lhe valeram críticas de muitos especialistas.
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A comunidade médica olha com desconfiança para estes avanços e avisa que o paciente que tivesse a cabeça transplantada no corpo de um dador poderia passar por algo "muito pior que a morte", alertando para o sofrimento da fase em que a cabeça estivesse a tentar ajustar-se ao novo corpo.