Durante três semanas uma expedição científica recolherá amostras e imagens para a caracterização da biodiversidade e habitat marinhos do Monte Gorringe. Será, ainda, produzido um documentário sobre o monte submarino que é, segundo Emanuel Gonçalves, administrador da Fundação Oceano Azul e biólogo, “uma espécie de Kilimanjaro ou Monte Fuji debaixo de água”..A Expedição Oceano Azul Gorringe arranca este sábado com 26 cientistas a bordo do navio Santa Maria Manuela e de três veleiros, com largada da Marina do Parque das Nações, rumo ao sudoeste do Algarve, onde se localiza a grande montanha submarina, com cerca de cinco mil metros de altura, única na Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Portugal. .A ideia desta expedição, segundo Emanuel Gonçalves, nasceu da necessidade de “acelerar medidas de proteção marinha. Para que essa proteção seja efetivamente estabelecida e eficaz, é fundamental termos conhecimento científico sobre as zonas de interesse”, explica..A montanha subaquática de Gorringe é a maior da Europa Ocidental e já tem sido objeto de estudo. “Foram feitos alguns trabalhos mas ainda há um grande desconhecimento”, avança o biólogo e administrador da Fundação Oceano Azul. “É uma zona que já se sabe que tem valores naturais muito importantes, daí ser já uma área da rede Natura 2000 da União Europeia. Tem espécies e habitates prioritários para a conservação mas não tem planos de gestão estabelecidos”..Assim sendo, o objetivo principal desta expedição, organizada pela Fundação Oceano Azul, Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e Marinha Portuguesa, é “ajudar a sustentar medidas, qualificar processos de decisão e acelerar os mecanismos de proteção marinha”..Na região do Monte Gorringe encontram-se várias espécies importantes. “Existem mamíferos marinhos, aves marinhas, tartarugas, mas também sabemos que existem espécies importantes, mais sedentárias, mais junto ao fundo, como sejam os corais, as esponjas e florestas de algas que, no seu conjunto, sustentam uma riqueza biológica muito grande”..Emanuel Gonçalves garante que proteger este ecossistema é também apoiar atividades económicas, como a pesca. “Ao estabelecer estas áreas de proteção, os animais que vão recuperar não vão ficar dentro dessas áreas. Vão migrar. Portanto, isto ajuda depois a alimentar as áreas onde existe atividade pesqueira”..A expedição implica, ainda, “um esforço integrado de equipas nacionais e internacionais e a componente governamental, porque são os governos que depois tomam as medidas necessárias”, finaliza Emanuel Gonçalves.