“Cheiro a azeitona” em Lisboa. Cientistas já investigam as causas. Origem é desconhecida
A origem ainda não é conhecida, mas já se procura conhecer de onde vem – e o que causa – o “cheiro a acre/azeitonas” que se tem sentido em Lisboa nos últimos dias.
Ouvida pelo DN, a investigadora Sofia Teixeira refere que “este cheiro pode ser associado a diversos setores de atividade”, sendo os mais comuns os lagares e a “indústria do processamento do bagaço de azeitona” ou a “transformação de resíduos” em lixeiras. No entanto, neste último caso, o cheiro costuma ser mais localizado e não tão disperso quanto esta área alargada em que se tem verificado.
Não avançando para já com uma possível fonte para o odor, a investigadora em qualidade do ar na Faculdade de Ciências e Tecnologias (FCT) da Universidade Nova de Lisboa diz, no entanto, que esta pode ser “fixa”, na região “a sul de Lisboa e Vale do Tejo, como o Alentejo ou a Península de Setúbal”. Sobretudo porque, relacionando com outros episódios do género, há alguns traços em comum: verifica-se um “vento do quadrante sul /sudeste com uma inversão térmica baixa”. Isso “faz com que os gases fiquem aprisionados numa camada mais baixa da atmosfera, associadas a uma intensidade de vento moderada”, o que ajuda a “promover a dispersão das massas de ar por localizações mais distantes”, como as regiões de Sintra, Almada, Sesimbra e Lisboa, onde têm existido queixas em simultâneo.
Questionado pelo DN, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) refere que a monitorização da qualidade do ar é responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
No seu site, a agência explica que “desde o dia 26 de janeiro”, o país tem estado sob influência de “grande estabilidade atmosférica”. Apesar da “difícil identificação” das fontes destes odores, a APA esclarece que “estas condições são propícias à acumulação de poluentes na baixa atmosfera”, mas não se verificou “no entanto, nas estações de medição da qualidade do ar, excedência aos valores limite regulamentados para a proteção da saúde.
Não obstante, fonte do IPMA refere que “amanhã [terça-feira] o vento estará localizado mais a este”, o que poderá ajudar ao alívio na sensação de mau cheiro.”
No entanto, caso seja identificada causa do odor a “acre/azeitona”, a cientista explica que não há leis em Portugal para casos como este.
Ainda assim, Sofia Teixeira explica que, além do “desconforto” que causam no ser humano e da limitação de algumas atividades a que obrigam, estes cheiros – tanto quanto se sabe – não têm consequências diretas para a saúde.
Nos últimos dias, as queixas têm-se multiplicado, sobretudo nas redes sociais, algo que os investigadores têm procurado mapear, para que, também para as tentar localizar geograficamente e, assim, chegar a “duas ou três possíveis fontes emissoras”, indo depois ao terreno para analisar a situação de perto.