Cascais toma conta dos transportes e baixa o preço dos passes

Autarquia anuncia poupanças até 12 euros por mês nos passes combinados. Objetivo é aumentar o número de passageiros
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Os transportes públicos em Cascais vão ficar mais baratos. Esta é a primeira consequência da gestão que a autarquia assumiu da rede de transportes e cujo plano vai hoje ser apresentado. Em alguns passes combinados a poupança chega aos 12 euros mensais. O vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, alerta, no entanto, para a necessidade de melhorar a Linha de Cascais, que aguarda investimento há alguns anos.

A redução do preço dos passes - quando no resto do país se verifica o inverso - foi conseguida "com o apelo lançado pela autarquia aos operadores", justifica o vice-presidente. "Ao contrário dos outros municípios, assumimos há sete meses a gestão dos transportes municipais e os operadores começaram a olhar para a câmara como a autoridade com quem poderiam negociar." Hoje são apresentadas reduções nos passes intermodais que chegam aos 25%.

"Queríamos uma mudança que tivesse impacto na carteira das pessoas, mas também queremos apostar no transporte público", justifica. Acrescentando que a Linha de Cascais perdeu 12,5 milhões de passageiros em 15 anos. "O comboio para Lisboa tem 22 milhões de passageiros por ano, na A5 - a autoestrada mais movimentada do país - passam 25 milhões. Passam lá mais pessoas do que no comboio. Temos de inverter isto. Levar as pessoas a usar mais o transporte público", defende Miguel Pinto Luz.

A ligação de comboio para Lisboa é uma das que a autarquia gostaria que passasse a ser mais usada, no entanto, o autarca não esconde que receiam problemas. "Hoje os comboios têm atrasos, apesar do esforço hercúleo da CP. Depois as pessoas procuram qualidade e encontram carruagens com 50 anos, sem wi-fi. Os autocarros da Scotturb vão ter todos wi-fi."

A revitalização da Linha de Cascais está prevista no programa do governo, usando dinheiros do Plano Juncker, mas Miguel Pinto Luz sublinha que ninguém foi informado sobre quando e se isso vai mesmo acontecer. "No anterior governo fomos todos chamados - Lisboa, Cascais e Oeiras - para tentar encontrar uma solução e neste governo ainda não fomos ouvidos. O ministro Pedro Marques não quer discutir este assunto connosco, mas não nos calaremos. Há uma cortina de silêncio, mas há questões como a da segurança de que não abdicaremos", garante.

Plano multimodal

A par dos descontos que vão ser aplicados aos passes combinados, o município integrou as operadoras de transporte público no MobiCascais, um sistema multimodal que envolve bicicletas, automóveis, estacionamento, comboio e autocarro. E no futuro vai integrar ainda os táxis e Uber, segundo a informação da autarquia.

Para já, os utilizadores dos transportes públicos vão notar as diferenças na carteira. Os passes da CP e da Scotturb vão ficar até 25% mais baratos. Por exemplo, o pacote estacionamento e comboio entre Cascais e Lisboa custava 60,40 euros e vai passar a custar 48,40 euros. Ou seja, menos 12 euros por mês. Outro caso, de autocarro e comboio passa a custar 63,40, menos 11,70 euros do que até agora.

Para facilitar o uso de transportes, o concelho investiu também em lugares de estacionamento. Junto às estações de comboio vão existir 1280 lugares gratuitos. O uso da bicicleta vai ser incentivado com 1200 a circular em regime de partilha e 75 quilómetros de ciclovias - existiam 20. Existindo ainda 2000 lugares de estacionamento para as bicicletas. Juntam-se a isto novas linhas rodoviárias, com novos autocarros. De acordo com a autarquia estas linhas vão ligar os parques de estacionamento às estações de comboio. Em fevereiro vai entrar em funcionamento já a ligação entre São Domingos de Rana e Carcavelos.

O novo modelo de gestão de transportes resulta do facto de esta ser a única autarquia da Área Metropolitana de Lisboa que não delegou competências da gestão dos seus transportes públicos nessa entidade. Partindo deste ponto, o município comprou autocarros novos, com um custo entre 70 e 100 mil euros, usando "receitas provenientes do estacionamento".

Em Cascais, 66% dos 210 mil residentes usam o carro nas suas deslocações diárias, enquanto a Linha de Cascais é usada por 11,3% da população e os autocarros por 8,7%. O objetivo deste plano é, segundo a câmara, "restituir aos cidadãos a oferta de transportes públicos para os servir, económica e acessível, intermodal e integrada".

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