Um relatório conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado esta sexta-feira (22 de agosto) pelas Nações Unidas, alerta que a produtividade laboral desce entre 2% e 3% por cada grau Celsius acima dos 20°C e revela que que o calor excessivo provoca milhões de lesões laborais todos os anos.O estudo, intitulado "Alterações climáticas e stress térmico no local de trabalho", sublinha que a frequência e intensidade das ondas de calor extremo estão a aumentar, colocando em risco a saúde e a segurança económica de milhões de trabalhadores.De acordo com o relatório, tanto trabalhadores ao ar livre como em ambientes fechados enfrentam riscos acrescidos, incluindo insolação, desidratação, disfunção renal e distúrbios neurológicos. A OMS estima que cerca de metade da população mundial já sofre consequências adversas das altas temperaturas.Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam ainda que o calor excessivo provoca mais de 22,8 milhões de lesões laborais todos os anos.Jeremy Farrar, diretor-geral adjunto da OMS, reforça que o stress térmico “já prejudica a saúde e os meios de subsistência de milhares de milhões de trabalhadores, sobretudo nas comunidades mais vulneráveis”.A OMM recorda que 2024 foi o ano mais quente de que há registo, com temperaturas diurnas que atingiram entre 40°C e 50°C em várias regiões, incluindo a Europa. Para a organização, a proteção dos trabalhadores contra o calor “não é apenas um imperativo de saúde, mas também uma necessidade económica”.Medidas recomendadasO relatório apela a governos, empregadores e autoridades de saúde para que adotem medidas concretas, tais como desenvolvimento de políticas específicas de saúde laboral adaptadas aos padrões climáticos; foco em trabalhadores mais vulneráveis (idosos, pessoas com doenças crónicas ou menor aptidão física); educação e formação de profissionais de saúde, empregadores e trabalhadores para identificar e responder a casos de stress térmico; criação de estratégias de saúde térmica com envolvimento de sindicatos, especialistas e comunidades locais; e o investimento em tecnologias de proteção e adaptação que conciliem saúde e produtividade.Citado em comunicado, Joaquim Pintado Nunes, responsável da OIT para a área de segurança e saúde no trabalho, classificou o relatório como “um marco fundamental” e apelou a uma ação coordenada para salvaguardar “a saúde, a segurança e a dignidade dos mais de 2,4 mil milhões de trabalhadores expostos ao calor excessivo em todo o mundo”.com Lusa.Portugal teve os primeiros 15 dias de agosto com a mais elevada mortalidade da última década