"Black Friday ou black fraude?" Deco diz que há fraude
A DECO analisou 1862 produtos de sete lojas com venda a retalho e online, entre 16 e 27 de novembro, o último dia a sexta-feira de grandes descontos (Black Friday uma, uma prática importada dos EUA que sucede o Dia de Ação de Graças). Concluiu que aumentaram o preço de 10% dos produtos.
O resultado não surpreendeu os técnicos, uma vez que o estudo partiu de reclamações dos consumidores com relatos de aumentos de preços em vésperas de descontos ou saldos.
Tito Rodrigues, técnico da DECO/PROTESTE, explica que encontraram dois tipos de situações quando comparados os preços antes e depois desta promoção. "A mais frequente, o desconto real da Black Friday era inferior ao anunciado e o caso em que o desconto era negativo", ou seja, o artigo foi vendido mais caro.
"Um em cada 20 produtos analisados viola a Lei dos Saldos e das Promoções e a Lei das Práticas Comerciais Desleais", denuncia a DECO. Pede à ASAE e à Direção-Geral do Consumidor que sancionem as empresas em causa, podendo estas pagar coimas até 45 mil euros por cada infração.
Compararam artigos de sete empresas: FNAC, Rádio Popular, Worten, El Corte Inglês, Staples e Box e, apenas, as duas últimas não registaram problemas.
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Os três casos mais flagrantes foram detetados na Worten e na Rádio Popular.
Na Worten, o preço do televisor LG 55UF770V aumentou mais de 60% na véspera da Black Friday. e, depois dos descontos, acabou por custar mais 340,20 euros. Na mesma loja, o valor do smartphone Samsung Galaxy S4 i9595 4G (de 16 GB) subiu 100 euros no dia 24 de novembro e a promoção foi de 80,98 euros. O consumidor teria poupado 19 euros se o tivesse adquirido cinco dias antes.
Na Rádio Popular, o preço do televisor LG 32LF5610 aumentou 80 euros no dia 18 de novembro e teve um desconto de 40 na Black Friday, O cliente pagou mais 40 euros na "sexta-feira negra".
A DECO enviou, também, os resultados do estudo ao Ministério da Economia e pediu medidas. Entre estas, a divulgação do preço mínimo praticado nos 30 dias anteriores ao desconto e/ou promoção anunciado e, no online, a apresentação gráfica da variação dos preços praticados nos últimos 30 dias.
Aos consumidores, aconselham que antes da compra de "um produto que implique um investimento mais avultado, a proceder a uma consulta ampla de preços".
Segundo dados da SIBS, os portugueses gastaram cerca de 700 milhões de euros na semana da Black Friday.