A nova variante do SARS-CoV-2, a Ómicron, tornou-se dominante no mundo em apenas dois meses. Até agora, tem-se revelado mais transmissível mas menos grave do que a Delta. Como investigador receia que ainda nos possa surpreender em relação ao seu impacto?
Penso que não nos trará grandes surpresas. Está a seguir o caminho que a comunidade científica espera. Ou seja, um vírus começa com variantes severas, mas, depois, e de acordo com a adaptação obrigatória a uma população, vai ficando cada vez mais imune às suas infeções e a sua severidade tende a reduzir. É o que estamos a observar com a Ómicron, mais transmissível do que as variantes anteriores e menos severa, pelo menos na associação ao processo de hospitalização. Contudo, não podemos descartar, no futuro próximo, o aparecimento de outras variantes com características que também nos preocupem, mas, historicamente, sabemos que a tendência dos vírus não é para que se tornem mais agressivos, mas sim menos, ao longo do tempo.