Mas o que parece simples, a partir de Lisboa, pode não o ser no resto do país. Que o diga Ana Almeida, professora do ensino secundário. "A minha escola de movimento é em Santa Cruz da Trapa, São Pedro do Sul. Para quem conhece a zona, saberá que as deslocações são penosas. É uma estrada nacional difícil de percorrer, e fazê-la duas vezes por dia, todos os dias da semana, é muito penoso para mim. Não aguento muito tempo. Tive que pedir a mobilidade por doença e estou a prestar serviço no centro da cidade de Viseu." Ana é professora de História, tem atualmente horário completo (cinco turmas de História e Geografia e ainda cinco turmas de Cidadania, o que perfaz no conjunto mais de 200 avaliações no ano) e testemunhou, no início de junho, o seu caso durante a conferência de imprensa da Fenprof. "Não me recuso a fazer qualquer tipo de trabalho que seja necessário ou qualquer atividade necessária à escola e aos alunos, mas se esta situação se mantiver não sei se o conseguirei fazer. E acho que com a minha idade - vou fazer 61 anos - e já no 26.º ano de serviço enquanto docente, é extremamente injusto que não possa pôr em prática as qualidades que adquiri ao longo do tempo", afirma a professora, que sofre de uma doença do sistema nervoso central e periférico dos órgãos dos sentidos, que, segundo avaliação médica, deve evitar deslocações.