Alerta: ementas vegetarianas nas escolas sim, mas cuidado

Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, diz que as crianças devem ter acompanhamento médico
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No início do ano letivo, os alunos que queiram refeições vegetarianas devem informar as escolas, que a partir de hoje estão obrigadas a disponibilizar este tipo de ementas. Uma medida, já seguida em alguns municípios por iniciativa própria, aplaudida pela bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, mas que é vista com alguma preocupação, uma vez que não está referido na lei que devem ser os nutricionistas a elaborar a ementa vegetariana das cantinas e refeitórios públicos. Ao DN, Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), frisou que não há razões para alarme, porque tanto as empresas que fornecem refeições como os municípios têm técnicos especializados.

"O que me preocupa mais é que os pais e as famílias que optam por aderir a modelos de alimentação vegetariana percebam que devem ter a orientação de um profissional de saúde, médico ou nutricionista", alerta Pedro Graça, destacando que este é um tipo de alimentação que "exige conhecimento, que não pode ser seguido com base em informação retirada da internet". Esse acompanhamento deve surgir quando há adoção de um regime vegetariano e "até estar estabilizado", para que não surjam "défices nutricionais".

A partir de hoje as cantinas e os refeitórios públicos estão obrigados a oferecer todos os dias pelo menos uma opção de comida vegetariana nas suas ementas. "É uma medida para aplaudir, desde que se providencie um adequado equilíbrio nutricional", considera a bastonária da Ordem dos Nutricionistas. De acordo com o que está na legislação, as "ementas vegetarianas são programadas sob a orientação de técnicos habilitados". Para Alexandra Bento, "sendo os nutricionistas os técnicos habilitados, isso deveria estar espelhado na lei".

A nutricionista espera que "os organismos tenham a noção de que os técnicos responsáveis são os nutricionistas" e que "a autoridade competente para a fiscalização o faça".

Pedro Graça considera, porém, que esse não será um problema, já que "a maior parte das empresas que fornece refeições na restauração coletiva tem técnicos de várias áreas, nomeadamente nutricionistas". Provavelmente, prossegue, vão pedir-lhes "que organizem as opções vegetarianas com padrões de qualidade". Nos casos em que existe uma cozinha própria gerida pelo município, o diretor do PNPAS diz que "estes também têm técnicos para apoiar a elaboração das ementas". Alexandra Bento lamenta, no entanto, que "apenas trinta e tal municípios tenham nutricionista".

O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) elaborou anteriormente um conjunto de orientações técnicas para a produção e implementação de refeições vegetarianas, que, segundo Pedro Graça, será uma referência para profissionais de saúde e educação.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Nacional dos Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, afirmou que se trata de uma boa medida, mas a procura deve ser "muito residual", pelo menos no início, uma vez que não é comum haver pedidos para alimentação vegetariana nas escolas. "No agrupamento que dirijo [Vila Nova de Gaia], com mais de 2000 alunos, nunca tive nenhum pedido", afirmou, adiantando que a cozinheira está a receber formação, já que as refeições são confecionadas na escola.

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