Ministério aceita extraditar suspeito luso-brasileiro da Lava Jato

A ministra terá decidido pela extradição devido aos factos anteriores à data da obtenção da nacionalidade portuguesa
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A ministra da Justiça aceitou o pedido de extradição para o Brasil do cidadão luso-brasileiro Raul Schmidt, detido em Lisboa no âmbito da operação Lava Jato, cabendo agora ao Tribunal da Relação de Lisboa decidir judicialmente a questão.

"A ministra da Justiça decidiu pela admissibilidade do pedido de extradição do cidadão luso-brasileiro Raul Schmidt, detido pelos factos anteriores à data em que obteve a nacionalidade portuguesa", informou hoje o Ministério da Justiça em resposta enviada à agência Lusa.

A decisão de Francisca Van Dunem de aceitar o pedido de extradição de Raul Schmidt prende-se com o facto de os alegados crimes praticados pelo suspeito da Operação Lava Jato serem anteriores à aquisição de nacionalidade portuguesa.

O despacho da ministra da Justiça pôs fim à fase administrativa do processo, transitando agora o caso para a fase judicial, no Tribunal da Relação de Lisboa.

Raul Schmidt, de 55 anos, encontra-se há dois meses em prisão preventiva em Lisboa, após ter sido detido pelas autoridades portuguesas, em conjunto com as brasileiras, a 21 de março na capital portuguesa. Schmidt é suspeito de corrupção e branqueamento de capitais, no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga a rede de corrupção ao redor da Petrobras, a petrolífera estatal brasileira.

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A Operação Lava Jato encontra-se na sua 26ª fase e entrou agora em Portugal, tendo sido batizada pela PJ como "Polimento". Ao deter Raul Schmidt, a PJ deu cumprimento a um mandado de detenção internacional emitido em outubro.

O empresário, com dupla nacionalidade (brasileira e portuguesa), é suspeito de corrupção e branqueamento de capitais, por ter, alegadamente, pago subornos a ex-administradores da Petrobras. Deixou Londres para vir para Portugal, esperando assim evitar a extradição para o Brasil. Estava em Lisboa desde outubro e levava uma vida discreta, quase nunca saindo do apartamento na costa do Castelo, não usava cartões multibanco e teria colaboradores na Suíça e em Inglaterra que tratariam de movimentar as suas muitas contas bancárias, segundo apurou o DN.

No total, Schmidt terá 140 milhões de euros em vários depósitos bancários, de acordo com as suspeitas das autoridades brasileiras. Como pedido pela carta rogatória enviada em dezembro pela justiça brasileira, os valores monetários que se encontravam numa conta bancária do Banif em nome da sociedade offshore Kingstall Financial serão agora repatriados para o Brasil através do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público português.

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