Polícia Judiciária deteve jihadista na Alemanha
Abdessalam T., marroquino, é suspeito de recrutar jovens da mesma nacionalidade para o daesh, em Portugal
A Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ) deteve na Alemanha um suspeito jihadista marroquino, indiciado pela prática em Portugal dos crimes de adesão e apoio a organização terrorista, recrutamento para o daesh e financiamento. . A UNCT acredita que Abdessalam T., 63 anos, era o cabecilha de uma rede, da qual fazia parte outro marroquino, Hicham el Hanafi, detido em novembro passado pelas autoridades francesas, sob suspeita de estar a preparar um atentado naquele território.
Abdessalam estava preso na Alemanha desde o verão do ano passado, por crimes não relacionados com o terrorismo, e ia ser libertado nos próximos dias. Com o inquérito aberto e a investigação a decorrer em Portugal, dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), foi entregue às autoridades alemãs um pedido de extradição do marroquino, evitando assim que ficasse em liberdade com evidentes riscos de segurança e obrigando a que possa ser julgado no nosso país pelos crimes de terrorismo.
De acordo com o comunicado da Procuradora-Geral da República, as autoridades judiciárias alemãs entregaram o suspeito esta tarde às autoridades portuguesas. Este já se encontra em Portugal e vai ser hoje submetido ao primeiro interrogatório judicial.
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Abdessalam e Hanafi têm autorização de residência em Portugal e estatuto de asilado político desde 2014. A investigação da PJ partiu dos indícios apresentados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF),em 2015, quando foram observadas algumas tentativas de recrutamento por parte de Abdessalam, sendo concluído que seria um "radicalizador".Sempre debaixo de olho da PJ e depois também das secretas, foi com base na informação entretanto recolhida, que a polícia francesa sustentou a detenção, que ainda se mantém, de Hanafi.
Segundo contou o Expresso na altura, Abdessalam e Hanafi vieram para Portugal no mesmo avião, em outubro de 2013, com identificação falsa. Não foi provado até agora que se conhecessem antes. Abdessalam era polícia e alegou, no seu pedido de asilo, perseguição política por ser opositor ao regime e defensor de uma orientação islamita mais radical. Hanafi alegou igualmente perseguição política por motivos ideológicos e ser membro do Movimento 20 de fevereiro.
Foram colocados num centro de refugiados em Aveiro, onde Abdessalam terá começado o seu trabalho de recrutador para o jihadismo entre jovens magrebinos do centro. Hanafi foi uma das suas "vítimas". De acordo ainda com o Expresso Aveiro tornou-se um polo da célula terrorista, com algumas vindas também a Lisboa, à zona do Martim Moniz, onde terão sido aliciados vários jovens de nacionalidade marroquina.
Os dois magrebinos começaram a ser monitorizados, já depois da concessão tácita do asilo, com várias viagens referenciadas a países europeus, como a Alemanha, França e Bélgica, onde intensificaram a sua radicalização.