Marcelo diz que voluntariado foi essencial após incêndio

Chefe do Estado participou numa ação de animação comunitária em Castanheira de Pera, onde se cruzou com jovens que conheceu há um ano.
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O Presidente da República (PR) enalteceu sábado a ação da organização não-governamental Médicos do Mundo (MdM) em Castanheira de Pera, frisando que o voluntariado foi essencial para fazer face às consequências do incêndio de 2017.

Em declarações à Lusa, durante uma ação de animação comunitária promovida na noite de sábado pela MdM no centro da vila de Castanheira de Pera, no interior do distrito de Leiria, o Chefe do Estado disse ter-se cruzado com jovens que conheceu há um ano, alguns "muito novinhos, mostrando a força do voluntariado".

"Vários vinham de fora e até de bastante longe e foram essenciais", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Aquela organização chegou às regiões afetadas pelos incêndios a 22 de junho de 2017, cinco dias após o fogo que eclodiu em Pedrógão Grande, com a Missão Esperança, em setembro anunciou um projeto de continuidade previsto para durar um ano mas o PR acredita que vai continuar depois disso.

"Nunca mais partiram. Acho que a ideia deles é mesmo irem ficando. Primeiro porque ficaram ligados à terra, em segundo lugar porque criaram raízes, as pessoas precisam deles e eles sentem-se bem com as pessoas. Terceiro, porque este processo é mais lento do que se pensa", afirmou o PR.

Segundo Marcelo, está em causa "um processo contínuo" que "está para durar", porque "demoram tempo" os "passos de desenvolvimento económico e social que é preciso dar", bem como os "de integração comunitária e de ultrapassagem daquilo que foi vivido".

"Eles sentem que têm uma missão a cumprir, a comunidade quer que eles cumpram a missão e portanto estão para ficar", afirmou.

O chefe de Estado fez um paralelo entre a ação dos voluntários e o Festival Literário Internacional do Interior, a cuja sessão solene de abertura presidiu horas antes.

"O importante não é ter um festival literário, é que as pessoas venham conhecer e viver esse festival. Este é o exemplo dos voluntários: vieram conhecer, perceberam, integraram-se e estão a viver", enfatizou.

Na ocasião, Marcelo juntou-se a um grupo de jovens responsável pela animação do espaço, cantou, bateu palmas e, no final, falando para os voluntários mais novos lembrou o sucedido dias após o incêndio, aquando da notícia da morte do bombeiro da corporação local, Gonçalo Correia.

"Nunca tinha encontrado uma população tão triste, tão acabrunhada, tão destruída, como naquela noite [da notícia da morte do bombeiro de Castanheira de Pera]", descreveu o PR.

De acordo com Marcelo, "dois dias depois [no funeral] já era diferente", porque havia o luto mas havia "a força de resistir".

Segundo o chefe de Estado, "um ano depois" está "completamente diferente".

"Não esqueceu mas deu a volta e avançou para o futuro", descreveu.

Durante o dia de sábado, que passou em Castanheira de Pera, Marcelo disse ter encontrado "sinais de vida".

Entre eles, a escola onde assistiu à apresentação do projeto "Pinhal de Futuro" que faz o acompanhamento psicológico de crianças e adolescentes dos seis aos 18 anos, afetados pelos incêndios de 2017 na região e "que estão a dar a volta por cima".

Marcelo passou também pelo festival literário, culminando num baile de finalistas de estudantes do ensino secundário, a quem ofereceu "o espumante e o bolo" e para onde se dirigiu após a iniciativa da Médicos do Mundo.

"Tudo no mesmo dia são sinais de vida. [Passou] um ano menos um dia. O que quer dizer que esta terra tem muita força e quando digo esta, estou a falar desta e de outras terras, que têm a mesma força exatamente", frisou.

A MdM anunciou esta semana ter já conseguido ajudar, "num ano, mais de mil pessoas nas regiões afetadas pelos incêndios" de junho e outubro, com o apoio de mais de 3.500 voluntários.

A Missão e Projeto Esperança abrangeu, até ao momento, mais de 100 ações de limpeza de escombros e de terrenos e a plantação de mais de 5.500 árvores.

"Só na vila de Castanheira de Pera, um quarto da população recebeu cuidados médicos e psicossociais", adiantou, em comunicado, a associação.

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