Marcelo avisa esquerda de que não quer "crises políticas"

Presidente lança recados aos parceiros do PS na geringonça mas também aos partidos à direita. A um "governo forte" tem de corresponder, segundo diz, uma "oposição forte"
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O Presidente da República comentou ontem os dois anos de governo de António Costa com um solene aviso aos partidos à esquerda do PS, Bloco, PCP e PEV, dos quais depende a manutenção em funções do executivo: quer que "o governo dure uma legislatura" e que "não haja crises políticas" neste período.
O Presidente da República falava aos jornalistas no final de uma visita à exposição Germano Silva - O Porto no Coração, hoje inaugurada na Fundação Manuel António da Mota. No seu entender, "é bom que haja um governo forte e uma oposição forte para poder ser alternativa, sendo essa a vontade dos portugueses", afirmou. E - acrescentou - também "é bom que o governo tenha presente uma série de metas que foram definidas no seu início e que são importantes em matéria de política externa, de política de defesa, em matéria económica e financeira". Além do mais, há "um objetivo nacional que os portugueses interiorizaram de finanças sãs, com isso contribuindo para o crescimento económico e para a criação de emprego".

Nas suas palavras, Marcelo Rebelo de Sousa também refletiu sobre as consequências que os incêndios (110 mortos) terão de ter na governação: "Este ano revelou um outro desígnio nacional, que é olhar para aquele Portugal que por vezes é esquecido e evitar que voltem a ocorrer as tragédias que ocorreram este ano. Já são muitos desígnios para um só governo." A esta distância do termo do mandato - acrescentou - "o que o Presidente espera é que estas linhas de orientação tenham sucesso", competindo-lhe "acompanhar o grau de realização ou de preenchimento com sucesso destes objetivos".

Questionado sobre se o relacionamento com o governo tem sido fácil, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter "uma visão da Constituição e uma personalidade que torna fácil trabalhar com qualquer órgão de soberania - a Assembleia da República, o governo, tribunais, órgãos de não soberania, das regiões autónomas ou poder local". "Até agora tem havido um funcionamento sem crises políticas e com estabilidade institucional na relação com o Parlamento - que é muito diversificado -, com o governo, com o poder judicial e com outras instâncias de poder."

Infarmed: PR soube pelos jornais

Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda interpelado a comentar a polémica em torno da deslocação do Infarmed de Lisboa para o Porto. Segundo disse, soube da iniciativa da mesma maneira que todos os portugueses (começando pelos próprios funcionários da instituição): pelos jornais: "Todos soubemos na altura em que quem decidiu entendeu que devia ser sabido." Numa carta endereçada à comissão de trabalhadores do Infarmed, ontem revelada pela Lusa, o Presidente já tinha adiantado esta informação: soube da intenção "com o anúncio público da mesma". Cauteloso, o Presidente garantiu ontem, falando a jornalistas, que não tenciona intervir nesta polémica. "O Presidente da República não deve envolver-se numa questão que é administrativa."

À margem de uma visita ao Hospital de Aveiro, o ministro da Saúde reafirmou que a medida "há muito tempo que está pensada e definida". E sobre o facto de o Presidente da República ter sabido pelos jornais, considerou que Marcelo "formalmente não teria de saber" antes.

Já para Assunção Cristas, líder do CDS, todo este caso é só "mais um exemplo de uma grande trapalhada".

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