Luís até pode ter tudo certo mas Joana receia rasteiras

Provas de aferição do 5º e 8º anos não surpreenderam alunos
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"Foi mesmo fácil. Se eu não tiver tudo certo, vou andar perto disso. Havia era de contar para nota", comentava Luís, a quem a prova de aferição de Português do 5º ano correu esta manhã sobre rodas. Quase tão bem como a prova do 8º ano, já da parte da tarde, a Joana, que, ainda assim, ficou a "torcer o nariz" à gramática. "Foi muito parecido com o que tem saído nos testes, talvez até mais fácil. O meu medo é se havia rasteiras", receava a aluna.

Luís e Joana são ambos de Setúbal e frequentam a Escola Lima de Freitas, sendo dois dos cerca de 175 mil estreantes em todos país do novo modelo de avaliação do ensino básico, que foi aplicado já este ano pelo Ministério da Educação. Quarta-feira é a vez da Matemática. Ele garantia que "estudou pouco" e que não esteve nada nervoso, "comparando com outros testes que já fez", enquanto a aluna se aplicou no fim-de-semana sem conter algum estado de ansiedade. "Apesar de não contar para avaliação queremos sempre fazer o melhor", admitia.

"A compreensão oral foi fácil, porque estou muito habituada a isso", contava Joana, revelando ter assistido a um excerto de um documentário televisivo, a um texto científico e à Odisseia de Homero adaptada para jovens. "Houve um conjunto de perguntas em que era preciso selecionar itens, mas isso correu bem", dizia, mostrando desconfiança com o grupo 3 onde se cruzou com a gramática. "Pediam para identificar a que classe pertenciam algumas palavras. Não é a minha praia", lamentava, congratulando-se com o tema da composição. "Era uma aventura num país distante. Uma história sobre refugiados até 250 palavras", resume.

Já a prova reservada ao 5º ano começava com a interpretação de dois textos, com Luís a admitir que "já conhecia aquela história da Floresta (de Sophia de Mello Breyner) e da menina que construiu uma casa para o anão que depois lhe contava histórias. É muito giro. A composição foi sobre isso", revelava, elogiando também o excerto do documentário televisivo sobre a Serra da Arrábida, a mesma que convive paredes-meias com a sua escola. "Também já tinha visto na SIC", admitia, considerando que "até ajudou na parte da oralidade". E quanto à gramática? "Acho que também era simples. Havia muitas cruzes, para definir advérbio ou adjetivo. Depois era trocar nome por pronomes. O habitual", resumia.

A Escola Lima Freitas foi um dos estabelecimentos da região - cerca de metade optaram por ficar de fora - que decidiu realizar as provas de aferição aos seus 282 distribuídos pelos 2º, 5º e 8º anos, numa opção assumida pela diretora do Agrupamento, Dina Fernandes, e justificada com o facto procurar já estabelecer prioridades para o próximo ano letivo.

"Os relatórios individuais que vamos receber serão muito importantes para tomar decisões e definir medidas de acompanhamento, para que possamos melhorar os resultados dos alunos", justificou ao DN, admitindo que embora não pesem na avaliação estas provas traduzem um "ponto de partida".

É que, como o DN já avançou hoje, as novas aferições marcam a rutura definitiva com as extintas provas finais do 4.º e 6.º ano, que contavam 30% para a classificação final de Português e de Matemática. Não contam para a nota dos alunos mas servem para que a escola e os pais avaliem os progressos realizados e as áreas a melhorar.

O ministério fez ainda questão de "evidenciar" a diferença entre umas e outras provas, tendo dado instruções a todas as escolas para que os alunos sejam avaliados no seu "ambiente natural de aprendizagem". Ou seja: nas salas de aula onde trabalham habitualmente.

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